“Pedro Gonçalves era uma personalidade polifacetada e versátil. Primava por uma atitude generosa, vivenciando a música com uma intensidade discreta. Amigos e cúmplices de andanças musicais recordam-no como alguém marcadamente criativo e eclético, buscando, à sua maneira, a ousadia e a originalidade estéticas”, refere Graça Fonseca numa nota de pesar envida às redações.
Pedro Gonçalves morreu no sábado, em Lisboa, aos 51 anos, em consequência de doença prolongada, que já tinha motivado um cancelamento recente de uma série de concertos de despedida dos Dead Combo.
Na nota hoje divulgada, a ministra da Cultura recorda que o músico “foi técnico de som, produtor e contrabaixista, além de tocar também piano e guitarra”, sendo “um instrumentista inspirado e aberto à influência e a novas aventuras”.
“Colaborou com Aldina Duarte e Mazgani, integrou o grupo Ladrões do Tempo (liderado pelo guitarrista Zé Pedro) e participou em trabalhos de Ana Deus e Alexandre Soares, Rita Redshoes e Soaked Lamb, além de tocar, em palco ou em estúdio, com músicos como Sérgio Godinho, Xutos & Pontapés, GNR, Jorge Palma ou Camané, entre outros”, lembra.
Graça Fonseca salienta que “Pedro Gonçalves construiu o seu percurso musical no universo do jazz, tendo-se formado na Escola de Jazz do Hot Clube de Portugal, cujo corpo docente também integrou”.
“Em 2003 — acrescenta – fundou com o guitarrista Tó Trips um dos projetos musicais portugueses mais impactantes das últimas décadas, numa abordagem instrumental intimista, complexa, questionadora, aberta à novidade e aos abismos, mas também fiel à vontade de ter lugares onde pendurar o chapéu — com um pé no passado e outro no(s) futuro(s), como gostava de sublinhar”.
Com discos como “Lusitânia Playboys” (2008), “Lisboa Mulata” (2011), “A Bunch of Meninos” (2014) ou “Odeon Hotel” (2018), os Dead Combo deixaram, segundo a ministra, “uma indelével impressão digital na música produzida em terras lusitanas”: “Dotada de uma sonoridade e imaginário cosmopolitas (com ecos de África, Brasil, Estados Unidos…), sem centros ou periferias estanques, a reconhecida banda privilegiou a porosidade, a fusão e o diálogo com a diferença como matriz maior, aprofundando e reinventando uma certa portugalidade”, remata.
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