“Se se está a procurar um culpado nessa polémica, o culpado é quem promoveu a exposição. Neste caso, o próprio Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas que fez a curadoria através da Direção Geral das Artes e Indústrias Criativas”, lê-se numa mensagem de Abraão Vicente na sua página na rede social Facebook.
Em causa estão dois quadros de cariz erótico, do artista Tchalê Figueira que estavam expostos no átrio da Assembleia Nacional de Cabo Verde durante as celebrações do Dia da Liberdade, no domingo, e que foram retiradas.
A Assembleia Nacional de Cabo Verde fez hoje saber, através de um comunicado, que na base desta decisão esteve o facto de estarem presentes várias crianças e adolescentes.
Tchalê Figueira “fez aquilo que é o papel do artista: romper paradigmas, provocar debate, sacudir o politicamente correto”, escreveu Abraão Vicente.
“Só quem não conhece a obra e o percurso de Tchalê Figueira pode ficar escandalizado pelos dois quadros. A sexualidade, o erotismo, a provocação, sempre estiveram presentes na obra de Tchalê”, prossegue o ministro.
Para o governante, “nem Tchalê Figueira, nem qualquer outro artista deve adaptar a sua obra aos contextos expositivos. A obra do artista deve ser um hino à liberdade de expressão e de pensamento. As instituições têm-se de preparar para aceitar de forma aberta todas as formas de manifestação artística e para isso é preciso que tenham pessoal técnico e estrutura preparado para tal”.
Abraão Vicente considera que esta preparação passa por “estabelecer ‘ad inicium’ regras próprias e comunicá-las”.
“O que não se pode é promover a retirada de quadros de uma exposição já inaugurada sem que ninguém assuma a responsabilidade, deixando um limbo onde todas as divagações demagógicas são permitidas. O artista merece o nosso respeito e tem de ser tratado com toda a dignidade”, declarou.
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