Depois de receber um manifesto dos jornalistas do Jornal de Notícias (JN) à entrada para o Conselho de Ministros, no Porto, Pedro Adão e Silva destacou a sua “disponibilidade e interesse” em reunir com uma representação do GMG.
O ministro afirmou que a intenção de tornar gratuito o serviço da agência Lusa, que não se concretizou devido ao atual momento político e que estava prevista no âmbito de uma “estratégia mais ampla”, de “alterar o modelo de governança da agência”, iria ter “um impacto transversal na imprensa regional e local”.
Questionado se essa gratuitidade do serviço de agência seria suficiente para “salvar os trabalhadores” do grupo, Pedro Adão e Silva assegurou que “naturalmente não é”.
“Há naturalmente a questão muito sensível do Global Media Group e julgo que é uma questão que nos deve preocupar a todos. Não posso deixar de ser sensível a isso”, acrescentou.
Questionado pelos jornalistas se poderia ter feito mais ao longo do seu mandato no que à comunicação social diz respeito, Pedro Adão e Silva admitiu que “gostaria de ter feito muito mais”, salientando, apesar de tudo, o investimento feito na reprogramação e digitalização dos arquivos de televisão.
Também aos jornalistas, Augusto Correia, jornalista do JN que entregou o manifesto ao ministro, admitiu existir “alguma esperança” perante a disponibilidade mostrada por Pedro Adão e Silva para receber os colaboradores do diário.
Hoje, no segundo dia de greve dos trabalhadores do JN, em mais de 30 anos, é a primeira vez que o diário não chegou às bancas.
“Para nós é um momento agridoce. É um sinal de que a nossa luta está a ter efeitos, mas também é triste não ver o nosso jornal nas bancas”, acrescentou.
Cerca de meia de centena de jornalistas do JN estiveram esta manhã reunidos em frente à Câmara Municipal do Porto, onde decorre a reunião do Conselho de Ministros, com o objetivo de, à semelhança do de quarta-feira, entregar o manifesto ao primeiro-ministro, António Costa, mas tal não foi possível.
A concentração dos trabalhadores nas antigas instalações do JN mantém-se às 14:00, estando posteriormente prevista uma deslocação até à Câmara Municipal do Porto, onde serão recebidos pelo presidente da autarquia, o independente Rui Moreira.
O Global Media Group (GMG) vai negociar “com caráter de urgência” rescisões com 150 a 200 trabalhadores e avançar com uma reestruturação para evitar “a mais do que previsível falência do grupo”, anunciou na quarta-feira, num comunicado interno.
De acordo com o comunicado, a que a agência Lusa teve acesso, os acordos de rescisão serão negociados “num universo entre 150 e 200 trabalhadores nas diversas áreas e marcas” do grupo, sendo o objetivo “evitar um processo de despedimento coletivo” que, segundo a Comissão Executiva, “apenas será opção em último caso”.
“Face aos constrangimentos financeiros criados pela anulação do negócio da Lusa”, a administração do GMG avança ainda que “o pagamento do subsídio de Natal referente ao ano de 2023 só poderá ser efetuado através de duodécimos, acrescido nos vencimentos de janeiro a dezembro do próximo ano”.
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