“Obviamente preocupa-nos muito a pobreza com todas as consequências que isso traz para o sucesso escolar e para a capacidade de estar na escola plenamente”, afirmou hoje o ministro João Costa, durante uma visita à Escola Secundária de Carcavelos, no concelho de Cascais.
No Dia Mundial da Criança, João Costa visitou a escola, onde foi recebido por crianças do pré-escolar, ouviu alunos do 1.º e 2.º ciclos a declamar poesia, viu estudantes do secundário a ensinar biologia e química aos mais pequenos e conversou com professores e crianças que estavam na biblioteca a ler “O Incrível rapaz que comia livros”.
O agrupamento faz parte do primeiro grupo de escolas que aderiu ao projeto de Autonomia e Flexibilidade Curricular, criado em 2017 para combater o insucesso e abandono escolar. Hoje, conta com muitos outros projetos, como o Ciência Viva, o Ecoescolas, Escola Azul ou o Plano Nacional das Artes.
“É uma escola que também inspirou o ministério quando começámos a desenhar os planos de inovação, as experiências de flexibilidade curricular, porque já ia bastante à frente em termos de experiência”, recordou o ministro João Costa.
As taxas de abandono escolar em Portugal têm vindo a reduzir-se nos últimos anos, estando já abaixo dos 6%, ou seja, menos de metade do valor registado há apenas seis anos.
Nos últimos anos registou-se uma tendência de redução de casos de abandono e insucesso escolar entre os alunos carenciados, diminuindo o fosso que os separa dos restantes estudantes, segundo relatórios da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC) divulgados esta semana.
No entanto, o governante voltou hoje a salientar o trabalho da tutela para que “as crianças se sintam mesmo bem nas escolas”.
“Temos vindo a promover muitas iniciativas, como o Plano Nacional das Artes ou o Plano Nacional de Cinema, para que as escolas sejam espaços de felicidade e bem-estar, onde haja fruição estética e contacto com a cultura, para que as crianças se sintam mesmo bem nas escolas, porque isso é fundamental para querer aprender e querer estar na escola”, disse João Costa.
O gosto pela leitura é outro dos trabalhos que tem sido desenvolvido pelas escolas, até porque os estudos internacionais mostram que a atração pelos livros se esvanece quando os alunos entram na pré-adolescência.
“É uma tendência que encontramos a nível internacional que é na pré-adolescência caírem um bocadinho os hábitos de leitura e isso justifica que tenhamos algumas atividades criadas e desenvolvidas no âmbito da Rede de Bibliotecas Escolares, como o Plano Nacional de Leitura e agora do Plano de Recuperação das Aprendizagens dedicadas ao gosto pela leitura”, afirmou João Costa.
O ministro disse que “há um trabalho das nossas bibliotecas escolares que é tentar ter ofertas dirigidas às idades das crianças. O que aconteceu durante muitos anos é que a oferta de literatura para a pré-adolescência era mais reduzida” e isso também explica o fenómeno.
À Lusa, a professora Sara Ribeiro, professora bibliotecária e da disciplina de Português Língua Não Materna, corroborou a ideia de que os mais novos gostam de livros.
“Quando são crianças, quase todas são interessadas. O desligar dos livros, aparece um bocadinho mais tarde, quando andam no 6.º ano. Agora, nesta idade com muito pouco se consegue muito”, disse Sara Ribeiro, sentada no chão da biblioteca e rodeada por uma turma do 2.º ano.
Ao ministro, quase todos disseram que gostavam de ler e souberam que João Costa, quando era pequeno, também lia à noite, às escondidas, debaixo dos cobertores com uma lanterna.
Quando o ministro saiu da biblioteca, voltaram a pegar no livro “O Incrível rapaz que comia livros”. Os meninos leram à vez, ainda acompanhando as letras do livro com o dedo ao ritmo que as palavras iam surgindo.
Afinal, a biblioteca tem hoje mais livros? “Nem por isso. É difícil ter fundos para ir renovando e ir aumentando. Estes livros do clube, por exemplo, comprámos com dinheiro do Ministério que veio expressamente para este fim”, lamentou Sara Ribeiro.
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