Antoine Félix Abdoulaye Diome, ministro do Interior do Senegal, afirmou que esta é uma questão “realmente marginal” e manifestou-se contra os “clichés” veiculados sobre o papel desempenhado pelos seus compatriotas no tráfico de droga, particularmente de ‘crack’ em Paris.
“Notamos – e penso que é uma visão partilhada na informação - que não há, pelo menos não em quantidades muito grandes, drogas a circular entre o Senegal e a França”, disse Darmanin, após conversas com o seu homólogo durante uma visita de 24 horas a este tradicional aliado francês.
Não tendo constatado a “chegada do tráfego entre o Senegal e a França”, Darmanin acrescentou que “gostaria de acabar com este rumor”.
“Mas precisamos de discutir mais sobre as poucas pessoas – são realmente poucas pessoas – que estão envolvidas no tráfico, especialmente em Paris”, disse, afirmando que Paris e Dacar já tiveram uma “excelente cooperação” no assunto.
O tráfico de ‘crack’ e o seu consumo em Paris é uma questão de grande visibilidade em França.
Darmanin pediu em julho que o ‘crack’ – um derivado da cocaína altamente viciante e fumável, apelidado de “droga do pobre” devido ao seu custo (10 euros por dose) – fosse erradicado de Paris “dentro de um ano”.
O envolvimento dos senegaleses tem sido noticiado em vários meios de comunicação social. O político francês Eric Zemmour, candidato às eleições presidenciais de 2022, afirmou em maio de 2021 que “todos os traficantes de ‘crack’ (eram) senegaleses” em Paris.
“Pode haver senegaleses a viver em França que sejam processados por certos delitos, como pode haver franceses a viver no Senegal processados por delitos desta natureza”, disse Diome.
O político senegalês sublinhou que este é um tema que não só está à margem das discussões, bem como “em relação à escala do fenómeno do tráfico que pode ocorrer no Senegal ou na França” e que “muitas vezes há clichês que precisam ser quebrados”.
“Os senegaleses que vivem em França são senegaleses que vivem com dignidade nesse país, tal como os franceses que vivem aqui no Senegal são franceses que vivem com dignidade”, afirmou.
Diome colocou o número de senegaleses, incluindo os de dupla nacionalidade, a viver permanentemente em França em 250.000, e o número de franceses no Senegal em 35.000.
O ministro mencionou, ainda, a dificuldade dos senegaleses em obter um visto ou em renovar uma autorização de residência, e o prolongamento dos atrasos nos últimos anos. Este é um assunto que ressoa na opinião pública, particularmente entre os jovens, uma vez que grande parte dos pedidos de visto provém de estudantes.
Darmanin disse ter compreendido as queixas e justificou a situação com os atrasos provocados pela covid-19 em todo o mundo, bem como a existência de tráfico e fraude de vistos, que “também existem em parte no Senegal como noutros lugares”.
O ministro do Interior francês prometeu, contudo, que dentro de algumas semanas os tempos de emissão de vistos no Senegal estariam “de volta ao normal”, com o objetivo de trazer a imigração regular para França de volta aos níveis pré-pandémicos.
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