“É injusto. É injusto desde já, porque este executivo que lidero há apenas três anos tem vindo a fazer tudo o que pode para melhorar as condições do trabalho das mulheres e dos homens da higiene urbana. E é por eles, e também por todos os lisboetas, que estou aqui hoje para fazer um último apelo aos sindicatos. Sempre respeitei, sempre respeitarei o direito à greve. E os sindicatos sabem que tenho o maior respeito pelo seu trabalho, como pilares da nossa democracia, mas venham sentar-se à mesa (…) e negociar como temos feito nos últimos três anos”, disse hoje Carlos Moedas, em conferência de imprensa.
“É apenas e só isso que vos peço. Garanto-vos que farei tudo para ir ao encontro das vossas reivindicações. Porque não é criando o caos que se ganha o direito. Nem os lisboetas podem ser vítimas de qualquer estratégia de afirmação política ou sindical. Farei tudo para negociar e evitar a greve”, acrescentou.
Carlos Moedas sublinhou que “os lisboetas viverão dias muito difíceis” ao nível da saúde pública se a greve anunciada pelos sindicatos se concretizar, porque a cidade ficará “sem recolha de lixo durante nove dias”.
O autarca acusou os sindicatos de estarem indisponíveis para negociar e referiu não compreender por que é que decidiram avançar para a greve depois de três anos “de paz social” na autarquia, destacando o trabalho de atualização e atribuição do valor máximo para o suplemento de insalubridade e penosidade, o recrutamento nos últimos anos de 400 trabalhadores, a abertura de mais concursos, além da assinatura de um acordo, em junho de 2023, com os sindicatos para obras de melhoramento de instalações, formação, rotatividade dos circuitos, reforço das equipas de segurança e saúde no trabalho.
Perante a situação, Carlos Moedas pediu “a ajuda de todos”, nomeadamente dos presidentes das Juntas, e disse que também vai reunir “nos próximos dias” com os restaurantes, o comércio e os hotéis.
Foram também requisitados serviços mínimos, devendo uma decisão do Tribunal ser conhecida na sexta-feira.
Segundo Carlos Moedas, foi decidido criar uma equipa “de gestão de crise, que estará 24 horas à disposição dos presidentes de junta, que estará na disponibilidade total de poder ajudar”, anunciando também a distribuição pelas freguesias de Lisboa de alguns “contentores de obra, onde as pessoas, em último caso, podem depositar lixo”.
O presidente da câmara apelou também aos residentes que evitem depositar lixo, sobretudo na área dos cartões, que irão acumular nesta época festiva, e destacou que a autarquia vai pedir aos grandes produtores de lixo que façam a sua própria recolha nestes dias, “até porque muitos destes produtores de lixo passarão, a partir do dia 01 de janeiro, a fazê-la eles próprios”.
“Faço também um apelo a outros municípios que nos possam disponibilizar, por exemplo, ilhas móveis”, disse, destacando estar também a estudar a possibilidade de os trabalhadores da autarquia ficarem em teletrabalho durante a greve e apelar ao teletrabalho nas empresas privadas nestes dias.
Os trabalhadores da Higiene Urbana de Lisboa vão estar em greve nos dias 26 e 27 e em greve ao trabalho extraordinário entre dia de Natal e a véspera de Ano Novo, divulgou o Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML).
De acordo com o sindicato, já no dia de Ano Novo a paralisação irá decorrer apenas no período noturno, ao trabalho normal e suplementar, entre as 22:00 de dia 01 e as 06:00 de dia 02.
O STML justifica a greve com “as não respostas do executivo” da autarquia aos problemas que afetam o setor da Higiene Urbana.
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