“Moçambique tem de saber que a UE e eu pessoalmente, nós pessoalmente, estaremos totalmente mobilizados para os acompanhar passo a passo e para ajudar o país a recuperar desta tragédia terrível, terrível (…) Estamos lá para os apoiar com toda a nossa energia e com todos os nossos recursos, também de uma forma coordenada com os Estados-membros. E quero agradecer a Portugal pelo que já tem feito”, declarou.
Mogherini prestava declarações à imprensa portuguesa, acompanhada do primeiro-ministro António Costa, depois de um encontro entre ambos à margem da reunião do Partido Socialista Europeu, a anteceder o Conselho Europeu que tem hoje início em Bruxelas.
A Alta-Representante da UE para a Política Externa e o primeiro-ministro português disseram, praticamente em uníssono, e em português, que “sem dúvida” que a União irá demonstrar a sua solidariedade com Moçambique, tendo Mogherini sublinhado que a primeira ajuda destinada pela UE ao país, de 2 milhões de euros, foi apenas isso mesmo, “um primeiro apoio de emergência”.
“Para mim foi muito importante enviar um sinal imediato, mesmo que 2 milhões seja muito pouco atendendo às necessidades, mas era importante para nós mobilizar este dinheiro assim que soubemos da tragédia”, apontou, acrescentando que mais fundos seguirão, até porque Moçambique já pediu auxílio e, hoje mesmo, a UE ativou o seu novo mecanismo de proteção civil, o que permitirá aos Estados-membros contribuir.
António Costa, que solicitou o encontro, indicou que teve oportunidade de, no quadro da “dramática situação” que se vive em Moçambique – e também no Maláui e no Zimbabué -, “que gerou uma consternação à escala global”, de informar a Alta-Representante dos “mecanismos de apoio que bilateralmente Portugal tem já disponibilizado”.
O primeiro-ministro acrescentou que o propósito da reunião foi também empenhar-se “para que a UE possa dar todo o apoio que é necessário e que corresponda àquilo que é o esforço conjunto que a comunidade internacional tem que fazer para responder a esta situação de emergência, e depois, numa fase posterior, naturalmente, ao apoio na reconstrução”.
Apontando que segue de muito perto a situação, e confessando que o faz com emoção, até porque já visitou Moçambique, Federica Mogherini disse estar “muito grata” ao seu “amigo” António Costa “pela atenção que Portugal tem dado, e colocado na cena europeia, à situação dramática que se vive particularmente em Moçambique estes dias”.
Questionada sobre quando pode Moçambique esperar novos fundos europeus, a chefe de diplomacia disse que, antes de mais, há que concluir a avaliação das necessidades, que já está em marcha.
“Estamos prontos a mobilizar mais dinheiro, também do orçamento da UE, assim que chegar a avaliação das necessidades. Também é importante que as autoridades moçambicanas adiantem pedidos específicos, sobre o que é preciso e onde. Sei que é muito difícil atuar nestas circunstâncias”, disse.
Questionados sobre se Moçambique pode então contar com uma forte solidariedade da UE, António Costa e Federica Mogherini responderam praticamente ao mesmo tempo, e em português, “sem dúvida”.
O número de mortos confirmados na sequência do ciclone no centro de Moçambique subiu para 217, segundo dados oficiais hoje divulgados.
A passagem do ciclone Idai em Moçambique, Maláui e Zimbabué provocou já perto de 400 mortos, segundo balanços provisórios divulgados pelos respetivos governos desde segunda-feira.
De acordo com números divulgados hoje, em Genebra, pelo Programa Mundial Alimentar (PAM) das Nações Unidas, a passagem do ciclone Idai por Moçambique, Zimbabué e Maláui atingiu, pelo menos, 2,8 milhões de pessoas.
O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, decretou o estado de emergência nacional na terça-feira e disse que 350 mil pessoas “estão em situação de risco”.
O Idai, com fortes chuvas e ventos de até 170 quilómetros por hora, atingiu a Beira (centro de Moçambique) na quinta-feira à noite, deixando os cerca de 500 mil residentes na quarta maior cidade do país sem energia e linhas de comunicação.
O Governo português anunciou que 30 cidadãos nacionais residentes na Beira estão por localizar.
O primeiro de dois aviões C-130 da Força Aérea Portuguesa, com uma Força de Reação Imediata constituída por 25 fuzileiros, dez elementos do Exército, três da Força Aérea e dois da GNR (equipa cinotécnica), é esperado hoje na Beira, para apoiar as operações de busca e salvamento.
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