A notícia foi adiantada pela agência Associated Press, que citou fontes familiares. Madoff morreu na prisão-hospital Federal Medical Center em Butner, no estado da Carolina do Norte.

A fonte, falando em condição de anonimato, refere que a morte terá ocorrido por causas naturais.

Em fevereiro de 2020, os advogados de Madoff pediram a libertação antecipada do empresário, citando como motivos não apenas os riscos da pandemia da Covid-19, como o facto de estar a sofrer de uma doença renal em estado terminal, para além de ter hipertensão e dificuldades cardíacas.

O pedido foi recusado, apesar dos representantes alegarem que Madoff tinha “menos de 18 meses de vida”.

Bernie, como é conhecido, recusou-se a fazer diálise e, no verão de 2019, foi transferido para esta unidade de cuidados paliativos onde estava a cumprir a sua sentença de 150 anos de prisão.

Madoff, que foi um destacado corretor em Wall Street e presidente da bolsa dos títulos tecnológicos, o Nasdaq, acabou por ser detido em dezembro de 2008 por falsificações contabilísticas relativas às dezenas de milhares de milhões de dólares que geria, fazendo uso de um esquema de fraude de pirâmide, conhecido por Ponzi, com o qual a sua empresa desviou cerca de 65 mil milhões de dólares (perto de 59 mil milhões de euros).

Um esquema de pirâmide (ou esquema Ponzi) é uma forma de fraude que exige constantemente investimentos de novas vítimas para pagar os lucros dos investidores mais antigos. O dinheiro dos novos investidores é usado para pagar clientes já existentes até que o esquema eventualmente entra em colapso.

Apesar de, inicialmente, se ter declarado inocente, em 2009, Madoff acabou por admitir ser culpado dos crimes em causa. A detenção ocorreu por denúncia dos dois filhos do financeiro — ambos já falecidos — durante o pico da crise de 2008, quando já não conseguiu atender à procura crescente dos clientes que desejavam retirar os seus investimentos.

A sua firma, Bernard L. Madoff Investment Securities, colapsou com apenas 300 milhões de dólares de ativos, depois de os ter quantificado em 65 milhares de milhões de dólares. As poupanças de investidores, fundações e famílias desapareceram no colapso. De acordo com a AP, um fundo recuperou 13 mil milhões de dólares de uma quantia estimada de 17,5 mil milhões que foram injetados nos negócios de Madoff.

Ao todo, estima-se que Madoff tenha defraudado perto de 37 mil pessoas em 136 países ao longo de quatro décadas. Sendo a grande maioria das vítimas investidores comuns, o financeiro enganou também figuras como os atores Kevin Bacon e John Malkovich, assim como uma associação de caridade ligada ao realizador Steven Spielberg e a fundação do professor e ativista político Elie Wiesel, que venceu o prémio Nobel da Paz em 1986.