O jornalista e escritor português Armando Baptista-Bastos morreu esta terça-feira, aos 83 anos.
De acordo com o Jornal de Negócios, Baptista-Bastos morreu vítima de doença súbita e após um prolongado internamento hospitalar. Informação corroborada pelo Correio da Manhã, publicação onde era colunista.
Jornalista, Baptista-Bastos, que nasceu em Lisboa a 27 de Fevereiro de 1934, estreou-se editorialmente com o ensaio “O Cinema na Polémica do Tempo” (1959), a que se seguiu outro ensaio, “O Filme e o Realismo (1962). Data de 1963 a sua estreia na ficção com “O Secreto Adeus”.
Ao longo da carreira, o autor tem conquistado vários prémios, designadamente, o Prémio Literário Município de Lisboa, em 1987, pelo romance “A Colina de Cristal”, que lhe valeu também o Prémio P.E.N. Clube Português de Ficção, no ano seguinte.
Em 2002, recebeu o Prémio da Crítica do Centro Português da Associação Internacional de Críticos Literários, pela obra “No interior da tua ausência”. Em 2006, recebeu os prémios de Crónica da Sociedade da Língua Portuguesa, João Carreira Bom, e do Clube Literário do Porto.
Como jornalista celebrizou a pergunta "Onde é que você estava no 25 de Abril?", quando, em 1999, realizou uma série de dezasseis entrevistas para o jornal PÚBLICO em que colocava precisamente esta questão aos convidados.
Na opinião de Baptista-Bastos, "os jornais estão sobretudo atentos à politiqueira e à politiquice" e têm "opinião a mais e má opinião, muito uniforme e aparentemente plural", o que já o levou a deixar de ler alguns colunistas, "por fastio, por enfado".
O autor, que na altura escrevia crónicas para as revistas do Montepio e a Tempo Livre, da Fundação Inatel, afirmou que, excetuando “exemplos raros, escreve-se muito mal nos jornais, que atravessam uma crise dramática e já não conseguem surpreender os leitores".
O autor, que achava o fado “execrável”, mudou de opinião e em 1998 publicou “Fado Falado", com prefácio de José Saramago e fotos de José Santos, no qual reuniu 26 conversas com pessoas do fado, entre elas Amália Rodrigues, António Rocha, Beatriz da Conceição, Argentina Santos, António Chaínho, Raul Nery, Mísia, Camané, Carlos do Carmo, Carlos Zel, Fernanda Maria, Fernando Maurício, Fontes Rocha, Frutuoso França, Gabino Ferreira, João Ferreira-Rosa, Joel Pina, Jorge Tuna, Luís Goes, Fernando Machado Soares e Mário Pacheco.
Entre outros meios de comunicação social, Baptista-Bastos trabalhou nos jornais República, O Século, Diário Popular, onde, na década de 1960, manteve a rubrica semanal "Letra de Repórter". Foi ainda fundador do semanário O Ponto, no qual “realizou uma série de 80 entrevistas que assinalaram uma renovação naquele género jornalístico e marcaram a época”, segundo a biografia disponível na página do Jornal de Negócios, onde o texto mais recente que assinou data de 3 de março.
[Notícia atualizada às 19h25]
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