Segundo a Folha de São Paulo, cerca de 100 pessoas, divididas em 20 autocarros, chegaram ao edifício Solaris de madrugada. 30 pessoas do grupo entraram no apartamento, após arrombarem a porta.
"Não tem arrego. Ou solta o Lula ou não vai ter sossego", gritaram os apoiantes, que fixaram bandeiras do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto na varanda. O grupo colocou também faixas a dizer "Povo sem Medo" e "Se é do Lula é nosso" e "Se não é, por que prendeu?".
O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, coordenado por Guilherme Boulos, pré-candidato à Presidência pelo PSOL e uma das lideranças mais próximas de Lula da Silva.
A ocupação foi anunciada no Twitter por Guilherme Boulos.
"É uma denuncia da farsa judicial que levou Lula à prisão. Se o tríplex é dele, então o povo está autorizado a ficar lá. Se não é, precisam de explicar por que é que está preso", acrescenta Boulos à Folha de São Paulo.
A polícia militar já está no local, contudo a porta do apartamento está trancada com um pedaço de madeira.
Guilherme Boulos esteve ao lado de Lula no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, antes de o presidente ser detido.
Luiz Inácio Lula da Silva, 72 anos, foi o 35.º Presidente do Brasil (2003-2011) e é o primeiro ex-chefe de Estado condenado por um crime comum.
O ex-Presidente brasileiro começou a cumprir pena em Curitiba em conformidade com uma ordem judicial emitida a 7 de abril pelo juiz federal Sérgio Moro, responsável por julgar os casos de corrupção relacionados a Operação Lava Jato.
Desde então, a Polícia Militar montou um perímetro de segurança de cerca de 100 metros à volta da sede da Polícia Federal, e só permite o acesso de moradores da área, pessoal autorizado, jornalistas e pessoas que agendaram algum procedimento burocrático no edifício, onde se emitem passaportes e certidões fiscais.
Em junho do ano passado o juiz Sérgio Moro condenou Lula da Silva a nove anos e seis meses de prisão por corrupção passiva e branqueamento de capitais, num processo em que foi considerado culpado de receber como suborno um apartamento de luxo da Construtora OAS.
Essa sentença foi ratificada e a pena ampliada para 12 anos e um mês de prisão pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4), um tribunal de segunda instância, em janeiro, que também determinou a prisão imediata do antigo chefe de Estado depois que se esgotassem todos os recursos naquele tribunal.
Lula da Silva, que lidera todas as sondagens de intenção de voto sobre as eleições presidenciais marcadas para outubro no Brasil, é arguido noutros seis outros processos penais. Após a sua prisão, a sua candidatura foi confirmada pelo Partido dos Trabalhadores, formação política que fundou e liderou.
O partido, porém, pode ter o pedido de registo da candidatura negado antes do escrutínio, porque as normas legais brasileiras proíbem que condenados em segunda instância se candidatem a cargos públicos eletivos.
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