Nas imagens da Sic Notícias, em direto da Nazaré, a enchente é bem visível. Centenas de pessoas dirigiram-se à famosa praia das ondas gigantes para ver os principais surfistas do circuito em ação — Nicolau Von Rupp (Portugal), Andrew Cotton (Inglaterra), Lucas Chumbo (Brasil), Kai Lenny (Havai) e Justine Dupont (França).
Pelas imagens da estação, na zona junto ao Forte de S. Miguel Arcanjo, um mar de gente, sem distanciamento social, assiste ao fenómeno (que pode ser visto online, aqui, através do MEO Beach Cam).
Zeferino Henriques, Comandante da Capitania do Porto da Nazaré, diz que é "impossível controlar". "Estamos a fazer tudo aquilo que está ao nosso alcance", acrescentou o comandante, que garante ter "todo o efetivo empenhado".
Dada a afluência de milhares de pessoas, a Capitania do Porto da Nazaré empenhou para a praia do Norte todos os meios da Estação Salva-Vidas (para socorro no mar), da Polícia Marítima, para atuar em terra, e conta ainda com o reforço da PSP, dos bombeiros, da proteção civil municipal e de uma empresa turística privada, que dá apoio aos surfistas.
Já o presidente da autarquia, Walter Chicarro, explicou à SIC que o que está a decorrer "não é um evento organizado".
"É impossível [controlar], o concelho não está fechado, o país não está fechado. Estão centenas, talvez milhares de estrangeiros aqui. Não há como fechar e não há como esquecer anos e anos de trabalho da Nazaré em prol desta afirmação global da Praia Norte" acrescenta.
Em declarações à TVI, no J1, o autarca salientou ainda a dificuldade de controlo das entradas, devido a “acessos pedonais por todo o lado” e anunciou que durante a tarde seria realizado um novo briefing com as autoridades envolvidas na ação, por forma a debater as medidas a serem adotadas.
Sobre a possibilidade de tirar os “surfistas da água” para promover a desmobilização, o autarca explicou que não era uma medida que dependesse do próprio, mas era algo a debater com o Capitão do porto.
Proibido o acesso ao Farol para evitar excessiva concentração de público
A Câmara e a Capitania da Nazaré decidiram cortar o acesso pedonal à estrada do Farol, para conter a excessiva concentração de público que assiste às ondas gigantes e garantir condições de segurança, informou o capitão do Porto.
O cenário “atrai muitos surfistas estrangeiros e portugueses para surfar na praia do Norte, e simultaneamente pessoas de vários países que se deslocam para assistir”, afirmou à Lusa o presidente da Câmara da Nazaré, Walter Chicharro.
Porém, em ano de pandemia a afluência de público levanta problemas de segurança, já que “não é um evento, que depende de autorizações e normas das entidades de saúde”. Por outro lado, “é complicado, mesmo do ponto de vista legal, condicionar a circulação de pessoas, porque nem o país, nem a Nazaré estão fechados”, acrescentou Walter Chicharro.
Quer a capitania, quer os bombeiros estão a fazer alertas “em várias línguas, para que as pessoas usem a máscara” (obrigatória ao ar livre desde quarta-feira quando não possa estar assegurado o distanciamento) e “cumpram o distanciamento social e a etiqueta respiratória”, disse Zeferino Henriques.
O facto de se tratar de “um concentração espontânea” de milhares de pessoas e não “um evento programado e com regras específicas torna ainda mais importante apelar à responsabilidade de cada um para que cumpra todas as normas de segurança, quer em termos de segurança individual, quer da proteção em contexto pandémico”, sublinhou o responsável local da autoridade marítima.
As ondas gigantes na praia da Nazaré antecedem o período de espera para o campeonato de ondas grandes, previsto para o próximo mês de novembro.
"Uma tempestade perfeita" dentro de água
Já sobre as condições dentro de água, as ondas e os surfistas – que tentam alcançar as melhores marcas – , Pedro Pisco, da Organização Praia do Norte, explicou, em declarações à TVI, que o dia correu de forma espetacular e ninguém se magoou.
“O dia foi espetacular: uma “tempestade perfeita” para os surfistas, com um dia de sol espetacular, um pouco de vento, as condições ideais para termos uma grande ondulação, com grandes condições para darem um grande espetáculo”.
“Amanhã a ondulação vai descer bastante e vamos ter uns dias de calmaria”, acrescentou.
[Artigo atualizado às 14h53]
*Com Lusa
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