Citando um comunicado da família, o jornal britânico The Guardian escreve que Sérgio Mendes morreu em casa, em Los Angeles, e que padecia de problemas de saúde relacionados com a covid-19.

Sérgio Mendes vivia há 60 anos nos Estados Unidos, para onde emigrou com a mulher, a cantora Gracinha Leporace, em 1964, por causa da ditadura militar brasileira.

Foi nos Estados Unidos que se tornou num dos maiores divulgadores da bossa nova e do samba-jazz fora de portas e dentro do universo pop.

É-lhe atribuído o sucesso da música “Mas que nada” que, rezam as biografias, lhe foi oferecida pelo músico Jorge Benjor no Beco das Garrafas, a famosa rua cheia de bares no Rio de Janeiro, onde se ouvia bossa nova no final dos anos 1950.

No Brasil, onde nasceu em fevereiro de 1941, Sérgio Mendes começou por estudar piano clássico no conservatório, mas foram o jazz e a bossa nova, com João Gilberto e Tom Jobim, que o fizeram seguir caminho na música, editando o primeiro álbum, “Dance Moderno”, em 1961, com versões de sucessos da bossa nova.

Um ano depois de se instalar na Califórnia, Sérgio Mendes formou o grupo Brasil’65, rebatizado depois para Brasil’66 com o qual gravou vários álbuns. Na estreia discográfica estava a música “Mas que Nada” e uma sonoridade que, segundo o portal AllMusic, apresentava “uma combinação de jazz ligeiro, uma batida bossa nova e melodias pop contemporâneas”.

Muitos dos sucessos de Sérgio Mendes foram também com versões de outros artistas, nomeadamente com “The fool on the Hill”, dos Beatles, “The look of love”, de Burt Bacharach, ou “My favorite things”, de R. Rodgers e O. Hammerstein.

Venceu três prémios Grammy, gravou mais de 35 álbuns e com ele colaboraram vários músicos, como Carlinhos Brown, John Legend, Erykah Badu e Will.i.am, músico dos Black Eyed Peas que lhe produziu um disco em 2006.

Em 2020, a sua história foi contada no documentário “Sérgio Mendes: In the Key of Joy”, de John Scheinfeld.