Quem chega à montanha Yaji julga-a um local improvável para uma criação suína em andares. Depois de uma estrada estreita, longe das aldeias, surgem várias estruturas de betão com vista para a floresta.
São dois edifícios de sete andares e em breve vão surgir mais quatro, um deles com 13 andares — o mais alto do mundo com a função de acolher animais. A ideia começou por ser testada na Europa, numa escala mais pequena, onde alguns espaços continuam em operação, outros foram abandonados. E poucos foram construídos entretanto, principalmente devido à resistência pública ao projeto. Agora, a ideia chegou à China, diz a Reuters.
Com o objetivo de modernizar as áreas rurais, a China está a apostar em “hotéis para porcos”. Xu Jianjing, responsável pela produção dos animais na montanha Yaji, explica os motivos. “Há grandes vantagens num edifício alto”, refere. “Isso economiza energia e recursos. A área de terra não é muita, mas assim conseguem-se criar muitos porcos”.
Grandes empresas como a Guangxi Yangxiang estão a investir nesta medida, injetando cerca de 30% mais de dinheiro nesta forma de produção quando comparado com as produções tradicionais.
O local onde estão a ser construídos estes edifícios fica perto de Guigang, cidade com um porto fluvial e ligações para o Delta do Rio das Pérolas [Zhu Jiang], uma das regiões mais povoadas do mundo. E esta é uma vantagem: mais rapidamente a carne fresca chegará às maiores cidades da China — e com segurança alimentar garantida.
Está previsto que Yanxiang, na sua área de 11 hectares, produza cerca de 840 mil porcos por ano, pelo que este será o maior espaço de produção a nível global.
Outras províncias da China estão a começar a seguir este método. Por exemplo, estão planeados dois edifícios de cinco andares em Nanping e outros em Fujian.
Especialistas alertam para a propagação de doenças, produtores defendem-se com características do edifício e método de trabalho
Totalizando um investimento de cerca de 500 milhões de yuans (aproximadamente 66 milhões de euros) só em infraestruturas, este tipo de construção implica um maior cuidado em vários aspetos, nomeadamente na questão da saúde animal.
O risco de doenças — bastante presente no setor pecuário chinês — aumenta tendo em conta a concentração de um grande número de animais no mesmo edifício. A mesma preocupação foi mostrada na Europa, defendendo os especialistas que os animais receberão menos cuidados e qualquer surto pode levar a um abate.
O responsável pela produção na montanha referiu, contudo, que o risco de doenças é reduzido. Os trabalhadores vão dedicar-se apenas a um andar e não circulam pelos restantes, evitando assim a propagação de doenças, e os animais que chegam são transportados de elevador até ao local onde vão ficar.
A própria tecnologia implementada no edifício tem a saúde em conta, defende. O sistema de ventilação foi projetado para evitar a circulação do ar entre o chão e os outros andares: o ar entra pelos canais de terra e passa pelos ventiladores em cada andar, através do teto. Por sua vez, os ventiladores de extração puxam o ar recorrendo a filtros, lançando-o para o exterior através de chaminés com 15 metros de altura.
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