Em entrevista à Renascença, Rute Agulhas diz que tem sido uma primeira semana com muitas chamadas telefónicas e apela às pessoas que contataram previamente a Comissão Independente que os contactem novamente porque não têm os seus contatos.
“A própria Comissão Independente não nos pode passar essa informação por questões de privacidade e de confidencialidade”, afirmou a coordenadora. “Estamos a apelar às pessoas que possam precisar de algum tipo de ajuda que nos contactem diretamente. Não temos forma de chegar até elas”, sublinha.
Rute Agulhas diz que pediu à Comissão Independente (CI) que contatasse as vítimas, pedindo-lhes que liguem para a linha telefónica do Grupo Vita. A CI aceitou colaborar, mas o Vita ainda não recebeu qualquer contato que fosse mediado pela CI.
Situação que está a deixar a psicóloga preocupada sobretudo porque essas pessoas que já partilharam a sua situação com a Comissão Independente “deverão ter expectativa de receber acompanhamento” do Grupo Vita, mas isso só poderá acontecer se as vítimas os contatarem diretamente, apelou Rute Agulhas na rádio.
As pessoas que ao longo da semana telefonaram para a linha de acompanhamento dizem “que não precisam nem de apoio psicológico, nem de apoio psiquiátrico”, mas Rute Agulhas avalia que no decorrer do atendimento percebem que há situações que “requerem ajuda especializada”.
De acordo com a psicóloga, o Grupo Vita está prestes a receber profissionais por parte da Ordem dos Psicólogos Portugueses e têm já articulação com o Colégio de Psiquiatria da Ordem dos Médicos e com a Ordem dos Advogados, todos integrarão uma bolsa de profissionais que prestarão apoio psicológico-psiquiátrico e jurídico, caso venha a ser necessário. “Estamos, nesta fase, a criar a estrutura”, avança Rute Agulhas, assegurando ainda que já estão preparados para acompanhar situações urgentes para que não fiquem pendentes muito tempo.
No que diz respeito a quem abusa, o grupo Vita está também preparado para acompanhar esse lado, embora não esperem receber chamadas tão cedo. “Sabemos que pedir ajuda, especificamente para essas pessoas que cometeram ou estão em risco de cometer crimes sexuais, é especialmente difícil. Portanto, não, não fomos contactados até ao momento”, disse à Renascença, acrescentando que estarão em contato com a Igreja para sensibilizar as pessoas suspeitas de terem cometido algum crime de natureza sexual no sentido de pedirem ajuda.
A psicóloga que coordena o grupo criado pela Conferência Episcopal Portuguesa espera entregar um primeiro relatório em 12 de dezembro. Até lá, fica o apelo a todos os que pretendam contactar este grupo de apoio podem fazê-lo através do 915 090 000, de segunda a sexta-feira entre as 9h00 e as 18h00, ou por email (geral@grupovita.pt).
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