Esta é a segunda vez esta semana que surgem protestos do grupo Climáximo na sede da Navigator. Já no dia 17, terça-feira, ativistas colaram cartazes no edifício.

Questionada pelo SAPO24 sobre estes eventos a Navigator Company sublinhou que "repudia veementemente este e todos os atos de vandalismo, ocorrido na manhã desta sexta-feira, contra a sede da Empresa em Lisboa" e que vão agora apresentar "queixa-crime contra os responsáveis por este ato de vandalismo".

Os ativistas sublinharam em comunicado que: "No dia de luto pelas vítimas dos incêndios em Portugal, duas apoiantes do coletivo por justiça climática Climáximo pintaram a fachada da sede da Navigator e bloquearam-na com os seus corpos, segurando cartazes onde se lia 'Fogo posto por governo e empresas' e 'O país arde. Temos de acordar'".

"As sete mortes desta semana não podem ser consideradas mero fruto da negligência. São o resultado direto de uma ofensiva coordenada entre o Estado, a indústria da celulose, e a indústria fóssil para transformar o interior do nosso país numa câmara de incineração", afirma Alice Gato, estudante de 22 anos, uma das pessoas que esteve sentada em protesto em frente à sede da Navigator.

Afirma ainda que "as empresas de celulose continuam a lucrar com a expansão do eucaliptal, destruição da floresta autóctone e a esconder as suas emissões de gases de efeito de estufa. No verão mais quente desde que há registo, os atuais planos dos governos e das empresas como a Navigator de aumentar as emissões de gases de efeito de estufa e de continuar a vender o interior do nosso país à indústria do papel são um crime violento. Estes incêndios são a crise climática a atingir Portugal em tempo real. Estas mortes têm culpados e esta destruição tem de ser parada".

"Estamos em luto pelas sete pessoas que morreram nos incêndios desta semana, e em luta para que o governo e a Navigator não continuem a matar. Este fogo foi posto pelos governos e empresas que provocaram a crise climática, mas não foram eles que combateram as chamas: foram as pessoas comuns, protegendo-se a si e às outras da destruição que não causaram. Temos de ser nós, as pessoas, a parar o colapso social e climático para o qual eles nos estão a encaminhar", referiu Mariana Rodrigues, trabalhadora de 29 anos e participante no protesto.

O Climáximo apela ainda a que "Pedrógão Grande não seja repetido" e indica que "a única forma de fazer isso é através da mobilização social e de pararmos de consentir com esta destruição que, ano após ano, se repete em Portugal".

Recorde-se que a Navigator Company dedica-se ao fabrico e comercialização de papel em Portugal e é dona de uma grande área florestal.