“Há quatro dias, pessoas vieram e assumiram o controlo pela força”, disse Yunnus numa conferência de imprensa, em Daca, sem dar pormenores sobre os envolvidos.
O economista de 83 anos é conhecido por tirar milhões de pessoas da pobreza através do seu banco pioneiro de microcrédito. Entretanto, o galardoado com o Prémio Nobel desentendeu-se com a primeira-ministra do Bangladesh, Sheikh Hasina, que acusou de “sugar o sangue” dos pobres.
Numa conferência de imprensa, afirmou que um grupo de “estranhos” chegou ao edifício que alberga várias das suas empresas e assumiu o controlo dos escritórios, negando o acesso dos funcionários.
“Essas pessoas vieram e assumiram o controlo pela força. Temos grandes problemas. É um grande desastre. Estão a tentar assumir a gestão das empresas sob suas próprias regras”, sublinhou o economista.
Segundo Yunus, a polícia recusou-se a registar uma queixa, referindo que não considerava haver algum problema com a ocupação do local.
Na quinta-feira, de acordo com os trabalhadores, dezenas de pessoas, que alegaram ser apoiantes do partido governista Liga Awami, ficaram nas entradas do prédio para negar o acesso dos funcionários.
Muhammad Yunus e três gestores da Grameen Telecom — uma das empresas que fundou — foram condenados no início de janeiro a seis meses de prisão por violarem a legislação laboral ao não terem criado um fundo de previdência.
Os quatro arguidos, que recorreram e continuam em liberdade sob caução, rejeitam estas acusações. Yunus enfrenta mais de uma centena de outras acusações relacionadas com alegadas violações da legislação laboral e corrupção.
Em agosto, 160 personalidades internacionais, incluindo o antigo presidente norte-americano Barack Obama e o antigo secretário-geral das Nações Unidas Ban Ki-moon, publicaram uma carta aberta conjunta denunciando o “contínuo assédio jurídico” que o pioneiro do microcrédito é vítima.
Os signatários da carta, incluindo mais de uma centena de laureados com o Nobel, disseram temer pela “sua segurança e pela sua liberdade”.
Os críticos acusam os tribunais do Bangladesh de aprovarem as decisões do Governo de Hasina, que se tornou cada vez mais assertivo na sua repressão da oposição política.
Sheikh Hasina iniciou o seu quinto mandato como primeira-ministra em janeiro, após eleições que foram boicotadas pela oposição.
A popularidade do economista bengali, vencedor do Prémio Nobel da Paz em 2006, fez dele durante anos um potencial rival da atual primeira-ministra do Bangladesh.
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