A posse decorreu hoje diante do Cabido da Sé, ou colégio dos consultores, e a entrada solene, amanhã, será a primeira missa presidida por D. Rui Valério enquanto Patriarca de Lisboa.
D. Rui Valério, que trabalhou durante vários anos como padre no Patriarcado, sucede a D. Manuel Clemente, a quem agradeceu "a dádiva da sua amizade e o marco evangelizador que imprimiu na diocese".
Na sua primeira intervenção enquanto Patriarca de Lisboa, o bispo saudou as vítimas "de todo o tipo de abusos", a quem transmitiu solidariedade.
"Convosco carregarei o fardo do vosso sofrimento", disse o prelado, que discursava após tomar posse hoje na Sé Patriarcal de Lisboa, perante o Cabido da Sé, ou colégio dos consultores.
O novo Patricarca de Lisboa disse ainda que tenciona dedicar atenção a vítimas de abusos sexuais, pedindo que estas sejam colocadas no centro das preocupações por toda a sociedade.
“O primeiro passo é uma solidariedade e compreensão”, assumiu em declarações aos jornalistas, no exterior da Sé de Lisboa.
“Temos de proceder a uma conversão para com as vítimas. O que é que isso significa? Significa que elas verdadeiramente devem estar no centro. Só a partir da centralidade das vítimas é que podemos ter o discernimento de saber os passos a fazer”, respondeu.
Padre há mais de 30 anos, D. Rui Valério, revelou que acompanhou duas pessoas que foram vítimas de familiares e destacou a situação de uma jovem que ainda hoje apresenta dificuldades de concentração, até mesmo numa conversa comum.
Questionado sobre a formação dos sacerdotes a este respeito, respondeu que já existe. “Existe desde o princípio”, referiu, citando palavras do Evangelho, atribuídas a Jesus: “Deixai vir a mim as criancinhas porque delas é o reino de Deus”.
“Nós aprendemos e somos formados para proporcionar a todas as pessoas vulneráveis o reino de Deus, não um reino de terror”, sublinhou.
“Acredito na cura integral, envolvendo todos os aspetos possíveis”, acrescentou, prometendo dar à igreja de Lisboa o que sempre deu como padre: presença e proximidade.
“Vou ser um bispo da estrada, um bispo da rua. Um bispo junto das pessoas. É nessa ótica que vou alinhar a minha direção”, declarou.
D. Rui Valério recordou as missões no estrangeiro como bispo das Forças Armadas e defendeu uma igreja missionária, para “ajudar a humanidade”. República Centro Africana, Mali, Roménia e Lituânia foram cenários que enumerou.
O Patriarca manifestou ainda vontade de escutar os jovens e associou a Jornada Mundial da Juventude, realizada em agosto em Lisboa, ao Pentecostes. “Ao fim desse acontecimento, há uma cena em que se faz a pergunta ´o que devemos fazer´? Penso que a resposta já se encontra no coração de cada jovem que participou naquela jornada”, afirmou.
O Vaticano anunciou, em 10 de agosto, a nomeação do bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança como novo patriarca de Lisboa.
Rui Valério, que trabalhou durante vários anos como padre no Patriarcado, sucede a Manuel Clemente, que pediu a resignação por limite de idade.
D. Rui Valério, que trabalhou durante vários anos como padre no Patriarcado, sucede a D. Manuel Clemente, que pediu a resignação por limite de idade.
O Vaticano anunciou, em 10 de agosto, a nomeação do bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança como novo Patriarca de Lisboa.
O novo Patriarca tem 58 anos e é natural de Urqueira, no concelho de Ourém. Foi ordenado padre em 1991, em Fátima. Torna-se agora o 18.º Patriarca de Lisboa.
Pertencente aos Missionários Monfortinos, foi o primeiro padre português daquela congregação a ser ordenado bispo.
D. Manuel Clemente, que esteve à frente do Patriarcado de Lisboa nos últimos 10 anos, completou 75 anos no dia 16 de julho, idade prevista para a apresentação da renúncia ao lugar de titular da diocese.
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