O cortejo fúnebre de Jorge Sampaio chegou hoje às 10:36 à Praça do Município de Lisboa. Na fachada do edifício da Câmara Municipal de Lisboa estão duas faixas com fotografias e a frase "obrigado, Jorge Sampaio", que foi presidente da autarquia entre 1990 e 1995.

À espera do cortejo fúnebre estavam familiares, o atual presidente do executivo camarário, Fernando Medina, vereadores, deputados municipais, presidentes de freguesia, candidatos nas autárquicas de 26 de setembro, entre outras entidades.

Houve silêncio na Praça do Município quando o cortejo fúnebre chegou à porta da câmara e durante os minutos em que decorreu a cerimónia protocolar prevista, com a entrega, pelos familiares, das insígnias honoríficas (as condecorações nacionais) do antigo Presidente a três militares da GNR, que as transportaram até ao local do velório, para serem colocadas ao lado da urna.

Dezenas de populares juntaram-se também à homenagem na Praça do Município, onde se foram concentrando desde antes das 10:00 da manhã. Os presentes homenagearam o antigo Presidente da República com um aplauso de vários minutos. O cortejo fúnebre deixou a Praça do Município às 10:43.

De acordo com o programa das cerimónias fúnebres, que decorrem hoje e no domingo, este foi o primeiro momento de homenagem pública a Jorge Sampaio.

O cortejo seguiu depois para o antigo picadeiro real em Belém, depois adaptado a Museu Nacional dos Coches.

À chegada a Belém, pelas 11:10, antes da abertura da câmara ardente ao público, as três mais altas figuras do Estado - Presidente da República, o presidente da Assembleia da República e o primeiro-ministro - acompanharam a chegada e a entrada da urna no antigo picadeiro real - depois adaptado a Museu dos Coches, junto ao Palácio de Belém, em Lisboa -, juntamente com a família de Jorge Sampaio.

Coberta pela bandeira nacional, a urna chegou a Belém transportada num carro funerário, do qual foi retirada por cadetes das Forças Armadas. O momento foi presenciado, em silêncio, por algumas dezenas de pessoas que se concentravam atrás das baias colocadas do outro lado da estrada.

O Governo decretou três dias de luto nacional, entre sábado e segunda-feira, pela morte do antigo Presidente da República Jorge Sampaio, e cerimónias fúnebres de Estado.

Pouco depois das 18:00, o Presidente da República regressou ao picadeiro real, pela porta principal, dirigindo-se ao interior e saindo minutos depois por um acesso secundário.

Um pouco antes chegou para prestar homenagem a Jorge Sampaio o governador do Banco de Portugal e antigo ministro das Finanças, Mário Centeno e Helena Roseta.

Também o presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, marcou presença, integrando uma comitiva do partido.

Os socialistas Vital Moreira, Maria Manuel Leitão Marques, Romualda Fernandes e Manuel Machado também passaram pelo picadeiro real, localizado junto ao Palácio de Belém.

“Jorge Sampaio, sempre”, diz António Guterres

“Jorge Sampaio disse uma vez ‘25 de Abril, sempre’. Eu hoje quero dizer ‘Jorge Sampaio, sempre’”.

Foi assim que António Guterres lembrou Jorge Sampaio, à saída do velório do antigo Presidente da República, que hoje decorre no antigo picadeiro real em Lisboa.

“Sempre na memória dos portugueses o estadista que foi, sempre na memória dos amigos, eterna saudade, e até nas Nações Unidas onde deixou uma marca indelével", declarou.

“Para todos nós, Jorge Sampaio, sempre”, enfatizou na sua declaração aos jornalistas.

Em 1977, foi Jorge Sampaio, à época no movimento Intervenção Socialista, a lançar para a mesa de uma reunião preparatória do desfile comemorativo da Revolução dos Cravos o `slogan´ que ficaria para a História: "25 de Abril, sempre".

Santana Lopes esteve presente no velório para despedir-se com "saudade"

Em declarações aos jornalistas, Santana Lopes disse que decidiu prestar homenagem ao antigo chefe de Estado hoje não só por causa “do dever das funções” que exerceu, mas “também pela saudade do relacionamento pessoal, apesar das diferenças” ideológicas entre ambos.

“Os factos são os factos, agora as pessoas e, nomeadamente quando partem, estão acima e para lá das diferenças que existam. Não deixaram de existir, Jorge Sampaio enquanto viveu manteve o seu pensamento, naturalmente, às vezes podemos mudar de ideias… Mas acho que não é a altura para essa visita à história”, completou.

Por essa razão, prosseguiu, o dia de hoje é apenas para “expressar a admiração e respeito que se sente por uma grande figura da democracia portuguesa”.

Depois de Durão Barroso deixar as funções de primeiro-ministro para presidir à Comissão Europeia, Jorge Sampaio considerou, em julho de 2004, que a maioria PSD/CDS-PP tinha condições para assegurar a "estabilidade política", sustentando que a demissão do primeiro-ministro não implicaria eleições antecipadas.

O antigo chefe de Estado deu então posse a um Governo liderado por Pedro Santana Lopes, mas quatro meses e muitas divergências depois, acabaria por dissolver a Assembleia da República.

Siza Vieira e Alegre destacam “cortesia” e elegância” na forma de fazer política

Pedro Siza Viera, ministro de Estado e da Economia, fez uma breve declaração aos jornalistas à saída do velório, no antigo picadeiro real, depois adaptado a Museu dos Coches.

“Despeço-me hoje de Jorge Sampaio chefe de Estado, presidente da Câmara de Lisboa e deputado, mas também de despeço de alguém que foi meu mestre, meu amigo, com quem me habituei a servir a causa pública, procurando seguir sempre o seu exemplo de integridade e cortesia no trato político”, declarou o ministro.

Pedro Siza Vieira afirmou estar perante “um momento muito emocionante” do ponto de vista pessoal. “Sei que a memória de Jorge Sampaio vai ficar connosco para sempre” acrescentou.

Além de Pedro Siza Vieira, e do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, que tem estado em permanência como tutela do protocolo do Estado, marcaram também presença no antigo picadeiro real a ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, da Saúde, Marta Temido, e da Cultura, Graça Fonseca.

Do Governo, prestaram também condolências à família de Jorge Sampaio os ministros da Agricultura, Maria do Céu Antunes, Justiça, Francisca Van Dunem, Educação, Tiago Brandão Rodrigues, Administração Interna, Eduardo Cabrita, Segurança Social, Ana Mendes Godinho e Administração Pública, Alexandra Leitão, entre outros.

Manuel Alegre, dirigente histórico socialista, ex-candidato presidencial e ex-membro do Conselho de Estado, chegou ao velório pelas 11:20 e fez também uma breve declaração aos jornalistas: "Destaco a elegância e educação, coerência e ética com que [Jorge Sampaio] fez política".

Pedro Nuno Santos  descreve Sampaio como um precursor de acordos à esquerda e do lado certo no PS

O ministro Pedro Nuno Santos afirmou hoje que Jorge Sampaio é a sua “grande referência” política, foi precursor dos entendimentos à esquerda, adversário da “terceira via” liberal. Pedro Nuno Santos recordou-o como um "político singular" e "um socialista de coração" e não apenas "de cartão".

Perante os jornalistas, o ministro das Infraestruturas considerou que Jorge Sampaio “foi um político singular, com as características de que o país precisa que se repitam por muitos homens e mulheres em todas as dimensões da vida e na política em particular”.

"Jorge Sampaio tinha aquilo que todos os políticos deviam ter: empatia pelo outro", acrescentou.

Ao final da manhã, também passaram pelo antigo picadeiro real, onde decorre o velório até às 23:00, a líder parlamentar do PS, Ana Catarina Mendes, acompanhada do dirigente socialista Porfírio Silva, bem como o antigo ministro João Cravinho, sem prestar declarações à comunicação social.

Inês Sousa Real, do PAN, e João Cotrim Figueiredo, da IL, justificaram a sua presença nas cerimónias fúnebres de Jorge Sampaio, sobre quem deixaram algumas palavras.

“Foi um marco incontornável na história da democracia portuguesa, do combate ao fascismo, à ditadura, não só em Portugal, mas além-fronteiras”, destacou a porta-voz do PAN, recordando a sua luta pela liberdade do povo de Timor-Leste.

Inês Sousa Real assinalou que, apesar de terem algumas divergências “no que toca à proteção animal”, o PAN não poderia deixar de se solidarizar nesta homenagem e “honrar o legado” de Jorge Sampaio de “pontes de diálogo”.

O presidente da IL destacou o “amor à liberdade e direitos humanos” do antigo líder socialista e características que corporizou como “integridade, coragem e visão alargada do mundo”, que considera “faltarem na política portuguesa”.

BE e PCP lembram “homem de coragem” e “profundamente coerente”

Os líderes de BE e PCP prestaram hoje a sua homenagem a Jorge Sampaio, lembrando-o como um “homem de coragem” e “profundamente coerente”, mencionando ainda as “pontes à esquerda” feitas pelo ex-Presidente.

Catarina Martins e Jerónimo de Sousa chegaram ambos ao antigo Museu dos Coches, em Belém, Lisboa, pelas 12:00, e prestaram declarações aos jornalistas cerca de meia hora depois.

"Jorge Sampaio foi, durante o seu percurso, um democrata convicto, um homem de coragem particularmente pela sua ação, pela sua intervenção nos tribunais plenários fascistas, na defesa de muitos democratas antifascistas que eram vítimas da perseguição", considerou Jerónimo de Sousa.

Catarina Martins destacou a exigência que Sampaio deixou "ao país, lembrando que a solidariedade não é uma opção, é um dever" e destacando-o como um homem com um legado "profundamente coerente".

As inéditas coligações pré-eleitorais autárquicas à esquerda com que Jorge Sampaio foi eleito (1989) e reeleito (1993) presidente da Câmara Municipal de Lisboa, foram abordadas pelos líderes dos dois partidos, que nos últimos anos têm sido parceiros políticos do governo do PS.

Jerónimo de Sousa lembrou esse “momento de convergência na coligação ‘Por Lisboa’”, entre PS e PCP, em 1989, “que levou à vitória e à eleição da presidência de Jorge Sampaio”.

“Creio que foi de facto um momento importante, era necessário afastar a gestão de direita que durante anos marcou aqui a cidade, e, simultaneamente, também demonstrar uma grande disponibilidade, designadamente do PCP – lembrar que na altura a CDU tinha 29% e o PS 18% - e isso não impediu de facto a posição relevante e decisiva nessa altura em Lisboa, a CDU tinha 5 mandatos e naturalmente determinou a solução encontrada”, vincou.

Para Jerónimo de Sousa, também não foi “menos relevante” a posição do partido em relação às eleições presidenciais. Jerónimo de Sousa era, em 1996, candidato pelo PCP às presidenciais, sob a liderança de Carlos Carvalhas, e desistiu a favor de Jorge Sampaio – que viria a ser eleito nesse ano pela primeira vez para a Presidência da República.

Também Catarina Martins destacou as “pontes à esquerda” protagonizadas por Jorge Sampaio.

“Na democracia, fez pontes à esquerda que permitiram projetos que mobilizaram todo o país contra a pobreza para uma nova ideia de democracia que o levou, aliás, às vitórias na Câmara Municipal de Lisboa e para a Presidência da República”, sublinhou.

A coordenadora do Bloco de Esquerda disse ainda que Jorge Sampaio, “até ao final dos seus dias foi uma voz por esta ideia de Portugal como um país aberto, solidário, cosmopolita, respeitador dos direitos humanos e envolveu-se em todas as batalhas muito para lá dos cargos institucionais que ocupou”.

“Estamos aqui com sentimento de perda. A lei da vida é assim, mas de qualquer forma os portugueses têm razão para lembrar esta figura ímpar que foi Jorge Sampaio”, destacou ainda Jerónimo de Sousa.

Pinto Monteiro presta homenagem a "um grande senhor deste país"

O ex-procurador-geral da República Pinto Monteiro marcou hoje presença no velório de Jorge Sampaio, considerando que "morreu um grande senhor deste país" e recordando as boas relações que tinha com o ex-chefe de Estado.

Pinto Monteiro esperava na fila para entrar no antigo Museu dos Coches, em Belém, Lisboa, quando foi questionado pelos jornalistas sobre o porquê de estar presente nesta cerimónia.

"Olhe, podia dizer só numa frase: morreu um grande senhor deste país", respondeu, na fila que se estendia até à entrada principal do Palácio de Belém.

O ex-procurador (entre 2006 e 2012) recordou as "boas relações" que tinha com Jorge Sampaio, acrescentando que acompanhou sempre a carreira do ex-Presidente e ele a sua, mesmo que não se tenham cruzado enquanto Pinto Monteiro era procurador-geral.

"Tinha muito estima por ele de há muitos anos e ele era um grande senhor da sociedade portuguesa e da política portuguesa", considerou, acrescentando que "era uma pessoa a quem dava gosto falar, pedir opiniões e ouvi-lo".

Líderes do CDS e Chega no velório para destacar papel importante do ex-PR

O primeiro a chegar, e a falar depois aos jornalistas à saída do picadeiro real, onde decorre o velório de Jorge Sampaio até às 23:00, foi Francisco Rodrigues dos Santos.

“Vim expressar, em meu nome pessoal e do CDS, as mais sinceras condolências pelo falecimento do ex-Presidente Jorge Sampaio que, como é sabido, era um democrata convicto, um fervoroso socialista - e que por isso o afastavam por razões ideológicas de um partido como o CDS -, mas era essencialmente um homem de causas, um humanista que se dedicou ao serviço e à luta pela liberdade”, enalteceu.

O líder centrista destacou “as causas da independência de Timor-Leste, da defesa dos refugiados, da luta pelos oceanos”, reconhecendo “o papel político que desempenhou em Portugal nos cargos públicos, assumindo-se como socialista quer na câmara de Lisboa quer como Presidente da República”.

Já André Ventura, que chegou pouco depois, referiu que “estando nos antípodas do pensamento político do doutor Jorge Sampaio”, entendeu ser seu dever deslocar-se ao velório.

“Jorge Sampaio teve um papel relevante no Portugal recente, no Portugal democrático, teve um papel importante em muitas questões, por exemplo na independência de Timor-Leste”, sublinhou.

O líder do Chega admitiu que não concordou “com muitas das coisas que Jorge Sampaio fez e disse”, mas considerou que hoje não é o momento de se recordar isso, até porque em “democracia há lugar para todos”.

“Jorge Sampaio – acho que se pode dizer assim – dentro das contingências políticas acho que foi um homem bom. Bom pessoalmente e um homem que deu aquilo em que acreditava à democracia portuguesa”, afirmou, usando a expressão de “homem bom” que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, utilizou na sexta-feira, nas primeiras declarações sobre a morte de Jorge Sampaio.

Na perspetiva de Ventura, “quando é assim”, quer opositores, quer militantes quer apoiantes “devem prestar a sua homenagem”.

Passos Coelho assinala “agudíssimo sentido de serviço cívico”

Pedro Passos Coelho (PSD) chegou ao final da tarde ao picadeiro real, em Lisboa, onde decorre hoje o velório de Jorge Sampaio, tendo entrado com a antiga presidente da Assembleia da República Assunção Esteves e o presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais.

“Recordo não apenas uma pessoa de uma extrema afabilidade e simpatia, mas sobretudo uma pessoa muito empenhada quer no plano nacional quer no plano internacional com objetivos de natureza cívica”, elogiou, em declarações aos jornalistas, ainda na fila para prestar homenagem a Jorge Sampaio.

O antigo chefe de Estado, nas palavras de Passos Coelho, “tinha um agudíssimo sentido de serviço cívico que lhe valeu um reconhecimento internacional também muito grande”.

“A sua memória, com certeza, é uma memória que deixará saudades no país”, enfatizou, considerado tratar-se “de uma figura muito relevante da política portuguesa”.

O ex-primeiro-ministro fez questão de “dar conta da estima e da imensa consideração” que tinha pela figura de Sampaio.

Questionado sobre o facto de Sampaio nem sempre ter sido consensual para governos do PSD, Passos Coelho respondeu que “há tempo para se falar das coisas”, não sendo este o momento para isso.

“As pessoas são pessoas no seu todo. Todos temos coisas no nosso passado que são mais polémicas, outras são menos. Não é isso que sobressai hoje e não seria isso seguramente que eu gostava de se fazer sobressair no comentário que haveria de fazer quando venho prestar uma homenagem à sua memória”, afirmou.

Já Assunção Esteves recordou que conheceu Jorge Sampaio quando fez o estágio de advocacia e que tinha o antigo Presidente da República como um homem “que ligava o coração ao pensamento” e que “esse é o futuro”.

“O mundo só mudará quando começarmos a ligar o coração ao pensamento e quando as pessoas têm um poder como ele teve nas muitas funções que exerceu, isso acaba por ter um efeito multiplicador e não é por acaso que estão aqui tantas pessoas”, enalteceu.

Por seu turno, Isaltino Morais disse que Sampaio “foi democrata antes de Portugal ser uma democracia” e que foi “alguém que ao longo dos anos se constituiu como referência”, razão pela qual quis prestar homenagem ao legado do antigo chefe de Estado.

Associação de Sargentos lembra exemplo de "reconhecimento" das associações militares

“Neste momento não pode, nem deve, deixar de ser lembrada a sua atitude de elevado sentido democrático e o exemplo de como interpretou e concretizou o reconhecimento das associações militares e a necessidade de com elas abordar as matérias específicas das suas competências”, refere a ANS em comunicado.

Segundo recorda, “enquanto deputado à Assembleia da República, em 1982, Jorge Sampaio votou contra, com declaração de voto, o famigerado artigo 31.º da Lei de Defesa, por considerar que tal artigo restringia excessivamente os direitos dos cidadãos militares”.

“Dezanove anos mais tarde, em 2001, na qualidade de Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas, Jorge Sampaio promulgou a Lei Orgânica que reconheceu o direito de associação profissional dos militares e a consequente e necessária Lei Orgânica que alterou o dito artigo 31.º da Lei de Defesa Nacional”, acrescenta.

Uma solução que, “não tendo sido perfeita, nem suficiente, até pelo repetido incumprimento destas leis orgânicas por parte dos sucessivos governos, foi, contudo, um importante marco no percurso da luta pelos direitos dos militares e pelo próprio associativismo militar”, refere a direção da ANS.

No comunicado, em que apresenta as suas condolências à família do antigo chefe de Estado, a associação lembra ainda que “Jorge Sampaio, como Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas, por várias vezes recebeu em audiência delegações de dirigentes da ANS para abordar matérias de âmbito socioprofissional”.

Um “exemplo e prática que – nota - nunca foram seguidos pelos seus sucessores”.

A Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), em comunicado hoje divulgado, também lamentou a morte de Jorge Sampaio, recordando-o como um “homem bom”, "que deixou a marca profunda sua integridade, do seu rigor ético e do seu respeito pela verdade em tudo o que assumiu como importante e inadiável do ponto de vista estratégico moral e humano".

"É absolutamente impressionante e invulgar a unanimidade criada em torno do seu nome, nas horas que se seguiram à difusão da notícia da sua morte no Hospital de Santa Cruz", em Lisboa, na sexta-feira.

"Mesmo condicionado pela doença que o foi fragilizando, nunca deixou de se bater por aquilo em que acreditava e que transformou em causa, numa vida animada por tantas causas e combates por aquilo que era justo e solidariamente essencial".

"Era um trabalhador incansável, um homem que sabia ouvir e respeitar quem merecia ser respeitado, sempre com exigência e rigor. (...) Sendo um homem culto, esteve sempre disponível para saber como trabalhava e evoluía a SPA, cujos membros hoje o recordam com muita admiração e respeito”.

"Jorge Sampaio honrou e engrandeceu a democracia portuguesa, que quis ver mais solidária e humanizada e tem um lugar reservado na nossa memória", conclui a SPA.

Governo disponibiliza livro de condolências eletrónico

O Governo disponibilizou a partir de hoje um livro de condolências eletrónico pela morte do antigo Presidente da República, Jorge Sampaio, que faleceu na sexta-feira, aos 81 anos, no Hospital de Santa Cruz, em Carnaxide, Oeiras.

Segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros, os cidadãos podem deixar mensagens de condolências pela morte do antigo chefe de Estado desde as 12:30 de hoje.