André Ventura acrescebtou que o Governo "tinha sido garantido [que a negociação] não estava em curso e não estar a existir. "O Governo mentiu-nos, o senhor primeiro-ministro mentiu, o Governo traiu-nos. É assim que nos sentimos. Isso não vai alterar a nossa forma de fazer política, continuaremos a ser construtivos, levaremos ao Orçamento de Estado as propostas que temos que levar para mudar o Orçamento de Estado" — afirmou em declarações aos jornalistas.
"Eu acho que o Governo já deu provas de que não é confiável e, portanto, espero que o Partido Socialista tenha essa capacidade de se entender em qualquer caso. Noto que o Partido Socialista, precisamente depois das minhas declarações da semana passada, teve imediatamente a preocupação de sair todos os dias a terreno a dizer que não vai aprovar o Orçamento de Estado."
"Foram apanhados a negociar, porque o país sabe que estão a negociar e Pedro Nuno Santos está na dúvida entre ser oposição ou ser muleta do governo" - afirmou Ventura.
"O Chega deu tudo a este Governo para podermos ter um Orçamento de Estado. Tudo. Toda a abertura, toda a negociação. Em todos os temas, inclusive no da imigração, que como se sabe é sensível para o Chega" — concluiu.
Pinto Luz e Albuquerque fragilizados após auditoria à TAP
O presidente do Chega considerou que o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, e a antiga ministra Maria Luís Albuquerque, indicada para comissária europeia, ficam fragilizados após as conclusões da auditoria às contas da TAP.
“Cabe ao primeiro-ministro dizer se Miguel Pinto Luz tem condições para continuar a ser ministro ou se Maria Luís Albuquerque tem condições para ser nomeada comissária europeia, mas eu acho que, perante estes dados, pelo menos alguma prudência deveria caber ao primeiro-ministro, prudência que não está a ter”, afirmou André Ventura antes de uma reunião na Valorsul, empresa responsável pelo tratamento e valorização de resíduos sólidos urbanos.
Questionado se Miguel Pinto Luz continuaria a ser ministro de um governo liderado por si, respondeu que “provavelmente não”.
Ventura defendeu que “o ministro está amplamente fragilizado, mas que também a escolha de Maria Luís Albuquerque [para comissária europeia], depois desta enorme trapalhada, está muito fragilizada”.
O líder do Chega considerou que as conclusões da auditoria são graves e que “o processo da TAP foi mal sugerido, quer pelo governo do PSD, quer pelo governo do PS”.
“E por isso nós temos de chamar à responsabilidade estas pessoas”, afirmou, adiantando que, caso o assunto não seja debatido em comissão permanente na Assembleia da República, o Chega vai pedir “um debate de urgência nos próximos dias, precisamente sobre este dossiê da TAP”.
O presidente do Chega quer que o primeiro-ministro explique “por que é que mantém a confiança, quer em Miguel Pinto Luz, quer em Maria Luís Albuquerque”.
Questionado se fica desapontado por as suspeitas de irregularidades no processo de privatização da TAP recaírem sobre um governo liderado por Pedro Passos Coelho (um ex-primeiro-ministro que tem elogiado), respondeu: “Não fico desapontado, nem menos desapontado. Os governos são feitos por um primeiro-ministro, mas também por um ministro, e não é o primeiro-ministro que tutela todos os dossiês diretamente”.
“Há sempre responsabilidade política, e se ela existir eu serei o primeiro a pedir, seja de Pedro Passos Coelho, de José Sócrates ou de António Costa. Tanto quanto sei até agora, e tanto quanto este relatório demonstra, Pedro Passos Coelho não tem responsabilidade direta neste processo em relação à TAP”, defendeu.
André Ventura disse também que esta questão não vai mudar a sua opinião sobre o antigo primeiro-ministro, que classificou como um “homem determinado, firme e que geriu e governou o país num momento muito difícil”.
Na terça-feira, o primeiro-ministro elogiou o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, que disse estar "fortalecido pelo excelente trabalho" que tem feito, e considerou que o relatório da Inspeção-Geral das Finanças sobre a TAP "não tem nenhuma novidade".
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