Liz Truss fez esta terça-feira, diante do número 10 de Downing Street, o primeiro discurso como primeira-ministra do Reino Unido, começando precisamente por confirmar que aceitou o convite da rainha Isabel II para liderar o Governo britânico.
Depois de uma palavra para o antecessor, Boris Johnson, na qual afirmou que "a História irá vê-lo como um primeiro-ministro extremamente consequente”, Truss elencou aquelas que serão as prioridades do seu mandato: a economia, a crise energética e a o Sistema Nacional de Saúde.
“Iremos fazer com que o Reino Unido volte a trabalhar, com um plano ousado para fazer crescer a economia através de redução de impostos e reformas”, disse.
“Vou reduzir os impostos para recompensar o trabalho árduo e impulsionar o crescimento e o investimento liderado pelas empresas”, vincou.
Em segundo lugar, acrescentou, disse querer resolver a "crise energética causada pela guerra de [Vladimir] Putin”, prometendo medidas ainda esta semana para reduzir as contas de energia e "assegurar o (nosso) futuro abastecimento energético”.
Em terceiro lugar, Liz Truss mostrou-se determinada em conseguir que "as pessoas possam obter consultas médicas e os serviços do NHS [serviço nacional de saúde] de que necessitam”, cujas lista de espera aumentaram na sequência da pandemia da doença covid-19.
Apesar da ameaça da chuva, o discurso foi feito no exterior do número 10.º de Downing Street, onde se situam a residência e escritório oficiais do chefe do Governo britânico, para assessores, deputados e jornalistas.
Espera-se que Truss nomeie ainda hoje os principais membros do seu Governo, a maioria apoiantes leais durante a campanha.
O ministro da Economia, Kwasi Kwarteng, 47 anos, é apontado pela imprensa como o próximo ministro das Finanças, a procuradora-geral, Suella Braverman, 42 anos, deverá assumir o Ministério do Interior, James Cleverly, de 53 anos, passará da pasta da Educação para os Negócios Estrangeiros, e a ministra do Trabalho, Theresa Coffey, é esperada no Ministério da Saúde.
O ministro da Defesa, Ben Wallace, deverá permanecer em funções, mas Nadine Dorries recusou continuar com a pasta da Cultura.
Pelo contrário, os ministros da Justiça, Dominic Raab, e dos Transportes, Grant Shapps, apoiantes declarados de Rishi Sunak (o outro candidato finalista nas eleições internas para a liderança conservadora), deverão ser preteridos.
Liz Truss foi indigitada primeira-ministra do Reino Unido pela Rainha Isabel II, que lhe pediu para formar um novo Governo após aceitar a demissão de Boris Johnson.
"A Rainha recebeu em audiência" Liz Truss "e pediu que formasse um novo Governo", anunciou o Palácio de Buckingham através da rede social Twitter, momentos depois de publicar uma foto da monarca de 96 anos apoiada numa bengala, apertando a mão àquela que se torna a 15.ª primeira-ministra em 70 anos de reinado.
A audiência teve lugar no Castelo de Balmoral, na Escócia, e não no Palácio de Buckingham, em Londres, como é tradicional, devido aos problemas de mobilidade da monarca.
A transição resultou da eleição interna para a liderança do Partido Conservador iniciada em julho, da qual Truss foi declarada vencedora na segunda-feira com 57% dos votos.
Num breve discurso de despedida à porta de Downing Street pelas 7:30 desta manhã, Boris Johnson reivindicou uma série de medidas tomadas durante o tempo em funções perante uma multidão de apoiantes, assessores e jornalistas, e urgiu o partido a unir-se em torno da sucessora.
“O tempo para a política acabou e está na altura de apoiarmos todos a equipa e o programa de Liz Truss e servir os interesses dos cidadãos deste país, porque é isso que eles querem”, afirmou.
Depois da estreia de Truss no debate semanal com os deputados e frente ao líder da oposição, o trabalhista Keir Starmer, no parlamento, na quarta-feira, o novo Governo pretende anunciar já na quinta-feira um pacote para tentar travar a crise económica.
Segundo a imprensa britânica, este incluirá um congelamento dos preços da energia para famílias e empresas.
Dentro de duas semanas é esperado o anúncio de cortes fiscais para impulsionar a economia prometidos durante a campanha.
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