"Tenho de ser honesto convosco, eu realmente não me importo com o que aconteça à Ucrânia, de uma forma ou de outra, como país", disse o senador de Ohio num podcast, em abril. "Acho ridículo concentrarmo-nos nessa fronteira da Ucrânia", acrescentou, no momento que muitos republicanos pedem que sejam destinados mais recursos para o combate à imigração ilegal na fronteira com o México.
Esse político de Ohio, ex-militar e autor do bestseller "Lamento de Uma América em Ruínas", defende no Congresso as causas preferidas do ex-presidente republicano, como o protecionismo económico e a luta contra a imigração. Distinguiu-se, em particular, por ser um dos opositores mais firmes a um novo pacote bilionário de ajuda militar à Ucrânia.
Embora o pacote tenha sido aprovado, ficou bloqueado por meses no Congresso, perante a oposição dos parlamentares "trumpistas", entre eles Vance, apoiado nos bastidores por Trump. Eles dizem negar-se a continuar a assinar "cheques em branco" para uma guerra interminável.
Uma possível vitória de Trump em novembro preocupa a União Europeia, uma vez que traria grandes incertezas sobre a continuidade do apoio financeiro e militar dos Estados Unidos à Ucrânia.
Embora seja vago sobre o que faria, o candidato republicano insinuou que encerraria a guerra muito rapidamente se regressasse à Casa Branca, o que aumenta o risco de Kiev ser obrigada a negociar com Moscovo a partir de uma posição desfavorável.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse não temer outro mandato de Trump. "Acho que trabalharemos juntos caso Donald Trump se torne presidente. Não tenho medo", afirmou. Zelensky reuniu-se com congressistas republicanos na semana passada, durante a reunião da cimeira da NATO em Washington.
Questionado hoje sobre as consequências para a Ucrânia de uma nova presidência de Trump, o porta-voz da diplomacia americana, Matthew Miller, comentou apenas que "o povo americano mantém firmemente o apoio contínuo" àquele país.
Ao discursar na Conferência de Segurança de Munique, em fevereiro, Vance disse que "os Estados Unidos têm de se concentrar mais na Ásia Oriental", ou seja, na China.
"Não se vence guerras com o PIB, euro ou dólar, e sim com armas, e o Ocidente não fabrica armas o suficiente", afirmou o senador, para quem o presidente russo não representa "uma ameaça existencial para a Europa. Se o fosse, isso sugeriria que a Europa deveria ter um papel mais agressivo na sua própria segurança."
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