Numa mensagem vídeo a partir da Fundação Obama, transmitida pelas televisões norte-americanas hoje, o ex-Presidente democrata (de 2009 a 2017) disse que são mais de 18 mil jurisdições locais que devem implementar reformas no policiamento.
“Grande parte das reformas que precisamos hoje - para prevenir o tipo de violência e injustiças que vimos – [devem] acontecer a nível local”, disse Barack Obama, lembrando o relatório que apresentou em 2015, no seu segundo mandato, depois da morte do jovem Michael Brown, às mãos da polícia.
Entre as soluções propostas naquele relatório, encontravam-se sugestões de retreino dos polícias, novas formas de identificar discriminações, melhor comunicação entre polícia e comunidades, e colocação estratégica das patrulhas em locais que garantam mais segurança.
Desta forma, o ex-Presidente estendeu o apelo a todos os ‘mayors’ do país, para se concentrarem a fazer mudanças e eliminar o “racismo institucionalizado”, em conjunto com executivos de condados e chefes de polícia.
Obama lembrou também que todas as pessoas que ocupam as posições mais importantes para as reformas foram eleitas, assim como “são os procuradores-gerais dos distritos e dos estados que decidem o que devem investigar”.
O ex-Presidente contrariou argumentos que se leem na internet de que “só se pode protestar ou votar”, porque é necessário fazer as duas coisas.
“Quero que saibam que vocês importam, que as vossas vidas e sonhos importam”, disse Obama, dirigindo-se diretamente às comunidades que “já testemunharam demasiada violência e demasiadas mortes”.
O político acrescentou que está otimista de que “o país vai melhorar”, porque houve uma “mudança de mentalidade” desde os protestos pacíficos em defesa dos direitos civis que marcaram a década de 1960.
“As mudanças e eventos épicos que aconteceram nas últimas semanas são dos mais profundos que vi durante a minha vida”, disse o advogado, de 58 anos.
Segundo o democrata, os acontecimentos desencadeados pela morte do afro-americano George Floyd, em 25 de maio, “foram uma oportunidade para acordar”, “por mais trágicos e difíceis” que tenham sido.
O ex-Presidente norte-americano disse estar seguro de que “o país vai melhorar”, devido aos protestos, organizações e ações dos jovens e de uma “maior representatividade” das minorias, fatores que revelaram a urgência de reformas e que o deixaram “realmente orgulhoso” da nação.
Barack Obama assegurou estar com esperança de que as mudanças vão ser resultado, não só dos últimos dias e semanas, mas de “uma longa história”, que incluem escravatura, leis racistas de Jim Crow e de “racismo institucionalizado”.
“Para as famílias diretamente afetadas pela tragédia, saibam que eu e Michelle [sua mulher] e a nação estamos de luto convosco, rezamos por vós e estamos comprometidos para criar uma nação mais justa e para manter a memória dos vossos filhos e filhas”, referiu Barack Obama.
O ex-Presidente prestou igualmente reconhecimento aos agentes de segurança que mostraram capacidade de ouvir e “partilham os objetivos de reimaginar a polícia”.
“Estamos agradecidos à grande maioria [dos agentes de segurança], que protegem e servem”, declarou, dizendo-se “emocionado” pelos agentes que se dispuseram a marchar em conjunto com os protestantes, interagiram e ouviram.
George Floyd, um afro-americano de 46 anos, morreu a 25 de maio, em Mineápolis, depois de um polícia branco lhe ter pressionado o pescoço com um joelho durante cerca de oito minutos numa operação de detenção, apesar de Floyd dizer que não conseguia respirar.
Desde a divulgação das imagens nas redes sociais, têm-se sucedido os protestos contra a violência policial e o racismo em dezenas de cidades norte-americanas, algumas das quais foram palco de atos de pilhagem.
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