“Infelizmente, existem poucos dados sobre a qualidade do ar interior nos edifícios portugueses e, muito menos, sobre a eventual evolução positiva ou negativa”, refere o Observatório no relatório deste ano.
“Recomenda-se, pois, que se faça um esforço de investigação grande uma vez que, das conclusões, poderão surgir formas de melhorar a nossa saúde”, avança, sublinhando que a qualidade do ar influencia fortemente a saúde respiratória.
“Podem tomar-se medidas que promovam a qualidade do ar que os portugueses respiram”, defende o Observatório naquele documento, acrescentando que há cada vez mais evidências de que mesmo a exposição a pequenas concentrações de poluentes é perigosa.
“Passamos a maior parte da nossa vida no interior dos edifícios, seja em ambiente laboral, seja nas nossas casas, a qualidade do ar que neles respiramos é fundamental para a nossa saúde”, avisa.
“A grande concentração de pessoas em espaços confinados piora a qualidade do ar, aumentando a concentração de poluentes e facilitando a transmissão de doenças infecciosas”, sublinha o relatório.
A entidade aponta ainda estar preocupada que a deficiente ventilação em infantários aumente a percentagem de crianças com pieira ou asma e com o fumo de tabaco no interior das habitações, defendendo que deve ser “abolido o hábito de se fumar em ambientes fechados”.
O uso de combustíveis fósseis ou de matéria orgânica para o aquecimento e para cozinhar é gerador de poluição, mas “o seu impacto não está devidamente avaliado em Portugal”, alerta.
Apesar de referir que “em Portugal a qualidade do ar é, em geral, boa”, o Observatório alerta que ainda persiste “um número significativo” de dias em que a qualidade do ar é média ou mesmo fraca.
“Há acentuadas variações regionais. Mesmo nas localidades, as diferenças podem ser grandes. Lisboa é disso exemplo, pois há áreas muito mais poluídas do que outras, são por exemplo contrastantes a Baixa lisboeta e a zona de Benfica”, avisa.
O Observatório avisa ainda que “a humidade nas habitações favorece o aparecimento de fungos e tende a fazer aumentar a concentração de poluentes”, referindo que há estudos que apontam para uma taxa de 20% das casas portuguesas com problemas de humidade.
As doenças respiratórias matam em Portugal cerca de 40 pessoas por dia, sendo que em quase metade das mais de 13 mil mortes anuais a causa é a pneumonia, doença que é potencialmente curável.
Segundo o relatório deste ano, em 2016 morreram 13.474 pessoas por doenças respiratórias, sendo que o número aumenta para mais de 17.000 se forem acrescentados os óbitos por cancro da traqueia, brônquios e pulmão.
O documento mostra, assim, que o conjunto alargado das doenças respiratórias leva à morte de 48 pessoas por dia em Portugal, uma média de duas pessoas por hora, juntando os tumores da parte respiratória.
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