Num encontro com a imprensa a propósito do 20.º aniversário do Oceanário, o presidente da Fundação Oceano Azul, José Soares dos Santos, afirmou que “é inevitável a expansão do edifício” para cumprir a missão de educar e contribuir para a conservação dos oceanos.
É isso ou “cobrar mais” aos visitantes, o que rejeita à partida, afirmou, indicando que o edifício de apoio ao tanque principal, ambos projetados pelo norte-americano Peter Chermayeff, já tem um desenho próprio para ser alargado, porque é assimétrico.
Do lado norte, virado para o Parque das Nações, uma das fachadas foi fechada com paredes de vidro e ganhou-se já um espaço que servirá para em janeiro de 2019 o Oceanário ensaiar um novo tipo de atração, com uma instalação sobre o mar português que será “algo nunca antes feito no mundo”.
O espaço para expandir está virado para o rio Tejo, mas Soares dos Santos admite que para já, é apenas uma vontade da Fundação, que terá que ser conversada quer com o Governo quer com a autarquia de Lisboa.
Soares dos Santos reforçou que o dinheiro que o Oceanário faça é para aplicar no próprio aquário, na educação para as questões dos oceanos e em projetos de conservação.
No ano passado, 1,36 milhões de pessoas visitaram o equipamento, o número mais alto dos últimos 13 anos, enquanto o dinheiro feito com bilheteira, loja, aluguer de espaços e concessões chegou aos 17,2 milhões de euros.
A receita da bilheteira, que no ano passado chegou aos 14,9 milhões, quase duplicou em relação ao que se verificava em 2012.
A defesa da sustentabilidade estende-se aos produtos que se vendem na loja de recordações, 30 por cento dos quais são feitos de forma amiga do ambiente, contando com materiais recicláveis e evitando poluentes, disse aos jornalistas o administrador do Oceanário, João Falcato.
A meta para os próximos três anos é chegar aos 95% de produtos ambientalmente sustentáveis à venda para os visitantes do Oceanário.
Soares dos Santos reconhece que a margem de lucro é mais pequena porque custam mais a fabricar e os preços não são aumentados: “a rentabilidade é diferente mas é boa porque é sustentável”.
O mesmo princípio de sustentabilidade orienta a escolha do que se come nos espaços de restauração, onde, por exemplo, não entra carne de vaca.
Nas entranhas do que é a principal atração do Oceanário, o edifício onde estão os tanques, foram investidos sete milhões de euros nos últimos dois anos para mudar dos ares condicionados ao chão, afirmou João Falcato, assegurando que o edifício “voltou à qualidade original”.
Nos projetos de conservação que o Oceanário dinamiza, foram aplicados mais de 500 mil euros desde 2015, lutando pela preservação de espécies como os cavalos marinhos da Ria Formosa, sujeitos a pesca intensiva por ali se encontrar uma das maiores concentrações mundiais daqueles animais, apanhados ilegalmente e exportados para a China.
No mar dos Açores, a Fundação colabora com a Marinha e a National Geographic para sondar as profundezas marinhas e descobrir áreas sensíveis para que venham a ser áreas protegidas.
O vogal da administração Tiago Pitta e Cunha afirmou que na área da educação, a Fundação promove a partir do próximo ano letivo um projeto piloto com o município de Mafra para a educação para os oceanos no ensino básico.
Depois de a poluição pelo plástico ter estado nos alertas de todas as organizações ambientais, há que prestar também atenção especial às zonas costeiras, onde a matéria orgânica da atividade humana, desde os esgotos aos produtos usados na agricultura intensiva, estão a matar espécies e a impedir o mar de respirar.
A Fundação Oceano Azul tem desde 2015 a concessão por 30 anos do Oceanário de Lisboa por um acordo entre o Governo e a Sociedade Francisco Manuel dos Santos.
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