No terreno, a agência Associated Press descreve o esforço dos soldados e trabalhadores marroquinos para fazerem chegar água e alimentos às aldeias montanhosas que ficaram em ruínas na sequência do mais forte terramoto em mais de cem anos – que causou pelo menos 2.012 mortos e 2.059 feridos, dos quais 1.404 em estado grave.
Enquanto isso, as equipas de ajuda internacional permanecem “no limbo”, esperando que as autoridades marroquinas peçam formalmente ajuda — demora que já motivou algumas críticas de cidadãos marroquinos nas redes sociais.
Ainda assim, os trabalhadores humanitários não param de chegar. Segundo Arnaud Fraisse, da organização Rescuers Without Borders, uma centena de equipas, num total de 3.500 elementos de todo o mundo, estão registadas na plataforma das Nações Unidas, prontas para partir para Marrocos mal haja luz verde do Governo de Rabat.
Segundo a AP, as Nações Unidas já têm uma equipa no terreno, em coordenação com as autoridades locais, para avaliar a ajuda internacional que será necessária.
Em resposta a um pedido bilateral das autoridades marroquinas, Espanha também já enviou um avião da Força Aérea com 56 soldados e quatro cães especializados em operações de busca e resgate.
O rei de Marrocos, Mohammed VI, ordenou que seja providenciada água, comida e abrigo a quem perdeu as suas casas e pediu que as mesquitas espalhadas pelo país rezassem pelas vítimas durante o dia de hoje.
O exército marroquino mobilizou equipas especializadas de busca e resgate.
Algumas lojas de Marraquexe já voltaram a abrir portas, depois de o rei ter encorajado a retoma da atividade económica e ter dado ordens para o início da reconstrução dos edifícios destruídos.
Mas as pessoas circulam sobretudo nas ruas, temendo entrar em edifícios que ainda podem estar instáveis.
Segundo observou a AP, quem ficou sem teto em Marraquexe dormiu nas ruas da cidade velha, enquanto nas zonas mais atingidas das montanhas do Atlas, como Moulay Brahim, se improvisaram camas.
A maior destruição verifica-se nas comunidades rurais pequenas, às quais os socorristas têm dificuldade em chegar, devido ao terreno montanhoso.
“Sentimos um forte abalo, parecia o apocalipse. Dez segundos e tudo se foi”, contou à AP Ayoub Toudite, morador em Moulay Brahim.
“Estava a dormir quando aconteceu o terramoto. Não consegui escapar, porque o telhado caiu-me em cima. Fiquei presa. Fui salva pelos meus vizinhos”, contou Fatna Bechar, também residente em Moulay Brahim.
O tremor de terra em Marrocos, cujo epicentro se registou na localidade de Ighil, 63 quilómetros a sudoeste de Marraquexe, foi sentido em Portugal e Espanha, tendo atingido uma magnitude de 7,0 na escala de Richter, segundo o Instituto Nacional de Geofísica de Marrocos.
O Serviço Geológico dos Estados Unidos da América (USGS) registou a magnitude do sismo em 6,8. O reino de Marrocos decretou três dias de luto nacional.
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