Num comunicado, a organização não governamental (ONG) de defesa dos direitos humanos acusou ainda a polícia moçambicana de usar “balas de borracha e gás lacrimogéneo contra manifestantes, cuja esmagadora maioria eram pacíficos”.
A HRW disse que a utilização de “força letal” para reprimir os protestos levou a pelo menos três mortes, incluindo um menino de 10 anos que voltava da escola na província de Nampula, no norte de Moçambique.
O caso foi revelado pela ONG moçambicana Centro de Integridade Pública, que acrescentou que o agente policial que alegadamente atingiu a criança morreu na sexta-feira, vítima de agressões por populares, em retaliação.
A mesma organização afirmou que, na cidade de Nacala, um jovem perdeu a vida ao ser atingido por um objeto contundente no principal mercado local, na sequência de escaramuças entre a população e as autoridades.
“As autoridades têm de investigar imediatamente a razão pela qual as forças de segurança abriram fogo, acusar os responsáveis (…) e tomar medidas para evitar mais derramamento de sangue”, disse a vice-diretora da HRW para África, Ashwanee Budoo-Scholtz.
Um porta-voz da polícia da cidade de Nampula, Zacarias Nacute, confirmou à HRW os incidentes, sem fornecer detalhes e, posteriormente criticou a oposição por permitir a adesão de crianças aos protestos.
As cidades e vilas moçambicanas vivem uma situação de tensão, com manifestações em Maputo, Nampula e Nacala contra os resultados das autárquicas de 11 de outubro.
A polícia anunciou na sexta-feira que pelo menos 10 pessoas ficaram feridas e outras 70 foram detidas em diversos pontos de Moçambique.
Os resultados oficiais indicam uma vitória da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, em 64 das 65 autarquias do país, enquanto o MDM, terceiro maior partido, ganhou apenas na Beira.
As sextas eleições autárquicas em Moçambique decorreram em 65 municípios do país, incluindo 12 novas autarquias, que pela primeira vez foram a votos.
A Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), o principal partido da oposição, tem promovido, um pouco por todo o país, marchas de contestação aos resultados, juntando milhares de pessoas que denunciam uma alegada “megafraude”.
“A violência pós-eleitoral em Moçambique mostra que as forças de segurança estão determinadas a silenciar as vozes da oposição em vez de exercerem contenção”, disse Budoo-Scholtz.
“Os parceiros regionais e internacionais de Moçambique devem exercer pressão de forma significativa para que os responsáveis por estes abusos sejam acusados e para que o governo evite futuras violações”, acrescentou a responsável da HRW.
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