"Olhamos para este OE com confiança. E por haver um caminho de diálogo aberto e, acima de tudo, por acreditarmos que é possível uma política de pontes, de convergência de ideias e de forças entre partidos, votaremos a favor do Orçamento do Estado para 2017", disse o deputado do PAN André Silva, numa intervenção no encerramento no parlamento da discussão da proposta do Governo de OE para 2017.
Destacando a "característica positiva" do Governo de manutenção de "um diálogo aberto com outras forças políticas" na negociação do OE, André Silva agradeceu também ao PS, PCP e BE pela abertura para algumas das propostas de alteração do PAN que acabaram por ser aprovadas.
"As medidas que foi possível aprovarmos revelam uma escuta mais ativa das preocupações dos cidadãos, que até há um ano não estavam representados na Assembleia da República. Causas que interligam áreas sociais, económicas, ecológicas e dos direitos dos animais e que vêm reforçar o compromisso que assumimos diariamente com os portugueses", referiu o deputado do PAN, partido que, nas legislativas de 2015, elegeu pela primeira vez um parlamentar.
Depois da abstenção do PAN no Orçamento do Estado para 2016, agora André Silva assinalou agora "mudanças graduais por um novo paradigma ecológico, ético e social", prometendo continuar e expandir "esta trajetória de aprendizagem, para a qual têm contribuído todas as forças partidárias".
"Para que isto seja possível é necessário estender os avanços e os compromissos que se têm verificado na área social e económica, à proteção do ambiente e aos direitos dos animais", sustentou.
André Silva falou em concreto de uma das ‘bandeiras' do seu partido, considerando que os portugueses continuam a não perceber porque é que "os artistas tauromáquicos, as vedetas deste espetáculo anacrónico, têm que beneficiar de isenção de IVA, como os médicos, os enfermeiros e os desportistas, em vez de se beneficiar outras áreas bem mais determinantes na nossa sociedade como a saúde, a educação ou a investigação".
"E a constatação interessante: 90% dos deputados votaram contra esta medida", frisou André Silva, questionando os deputados se acham mesmo que representam a vontade de 90% da população portuguesa nesta matéria.
"Não se apercebem que estão em contraciclo e de costas voltadas para o sentimento geral dos cidadãos?", interrogou.
Este exemplo, vincou, demonstra que há um caminho de alteração de perceção ideológica para percorrer, pois "a política em Portugal continua presa a um paradigma de produção e de crescimento ilimitados, muito relacionado com o forte avanço do poder económico e corporativo sobre os restantes e com a incapacidade de se travarem os fortes conflitos de interesses que continuam a afastar os cidadãos da política".
"O progresso só se constrói com a realização de utopias, possamos continuar a trazer humanidade aos números e às intenções deste Orçamento do Estado", defendeu.
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