“Exorto-vos a prosseguirem com renovada confiança na sábia construção e consolidação das instituições” da República, para que “estejam completamente aptas a servir o povo de Timor-Leste” e para que os “cidadãos se sintam efetivamente representados”, afirmou Francisco, na primeira declaração pública em Díli, na Presidência timorense.
O Papa iniciou hoje uma visita de três dias a Timor-Leste, tendo o seu primeiro ato oficial sido na Presidência em Díli, com um encontro com o chefe de Estado timorense, José Ramos-Horta, e com a sociedade civil, autoridades e corpo diplomático.
“Que a fé que vos iluminou e susteve no passado continue a inspirar o vosso presente e o vosso futuro. ‘Que a vossa fé seja a vossa cultura’, isto é, que inspire critérios, projetos e escolhas segundo o Evangelho”, disse o Papa, referindo-se ao tema da sua visita ao país e a lembrar que agora Timor-Leste tem um “novo horizonte, com céu limpo, mas com novos desafios a enfrentar e novos problemas a resolver”.
No “meio de tantas questões atuais”, Francisco destacou o fenómeno da “emigração, que é sempre indicador de uma valorização insuficiente ou inadequada dos recursos, bem como da dificuldade de oferecer a todos um emprego que produza lucro equitativo e garanta às famílias um rendimento que corresponda às suas necessidades básicas”.
O Sumo Pontífice falou também da pobreza e da necessidade de uma “ação de longo alcance, envolvendo distintas responsabilidades e múltiplas forças civis, religiosas e sociais, para remediar e oferecer alternativas viáveis à emigração”.
“Penso naquelas que podem ser consideradas as chagas sociais, como o excessivo consumo de álcool entre jovens e a formação de bandos que, munidos dos seus conhecimentos de artes marciais, em vez de os utilizarem ao serviço dos indefesos, utilizam-nos como ocasião para mostrar o poder efémero e nocivo da violência”, afirmou.
As autoridades timorenses suspenderam desde o ano passado a prática de artes marciais, associada ao aumento da violência no país.
“Não esqueçamos também muitas crianças e adolescentes feridos na sua dignidade: todos somos chamados a agir de forma responsável para evitar qualquer tipo e garantir que as nossas crianças cresçam tranquilamente”, disse.
“Para a solução destes problemas, bem como para uma melhorada gestão dos recursos naturais do país é indispensável preparar adequadamente, com uma formação apropriada, aqueles que serão chamados para a classe dirigente do país num futuro não muito distante”, salientou o Papa.
Apesar dos problemas, Francisco pediu aos timorenses para serem confiantes e a manterem um “olhar cheio de esperança em relação ao futuro”.
O Papa destacou que 65% dos 1,3 milhões de timorenses têm menos de 30 anos e que o “primeiro campo a investir é na educação, na família e na escola”.
“Uma educação que coloque as crianças e os jovens no centro e promova a sua dignidade”, disse, sublinhando que o entusiasmo dos mais novos, juntamente com a sabedoria dos mais velhos, forma uma “combinação providencial de conhecimento”.
No discurso, aplaudido de pé pelas pessoas que assistiam à cerimónia, o Papa recordou também os “anos de calvário” dos timorenses e a forma como souberam reerguer-se, louvando o “esforço assíduo para alcançarem uma plena reconciliação” com a Indonésia, país que ocupou Timor-Leste durante 24 anos.
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