“Agradeço de todo coração as orações pela minha saúde feitas na Praça, acompanho-os daqui. Que Deus vos abençoe e que a Virgem vos proteja. Obrigado.”, ouve-se, no áudio partilhado pelo Vaticano do Papa Francisco, em espanhol.
A mensagem foi recebida com carinho pelos seus seguidores, que manifestaram alguma preocupação. "Tinha dificuldades a falar, mas precisamos das suas mensagens. Tudo o que podemos fazer é desejar-lhe uma rápida recuperação", disse Paola Freda, uma educadora italiana, do lado de fora do hospital Gemelli, em Roma, onde o Papa está hospitalizado desde 14 de fevereiro.
Na quinta-feira, enquanto centenas de fiéis se preparavam para rezar o Rosário na Praça de São Pedro pela saúde do pontífice de 88 anos, pela 11ª noite consecutiva, o Vaticano surpreendeu toda a gente ao transmitir uma curta mensagem do jesuíta argentino.
Presente na praça, a espanhola María Val, de 49 anos, expressou a sua emoção: "É impressionante porque vemos que está cansado e a falar espanhol. Dada a idade dele e as suas patologias, é normal pensar que pode estar no fim dos seus dias", acrescentou.
Foi o próprio Papa solicitou para gravar a mensagem na quinta-feira, para expressar a sua gratidão pelas orações que recebeu desde que foi pela primeira vez hospitalizado, disse uma fonte do Vaticano à AFP esta sexta-feira.
A decisão do líder espiritual de 1,4 bilhão de católicos ao redor do mundo de usar a sua língua materna, em vez do italiano, também levantou questões sobre a sua saúde, mas, de acordo com a fonte do Vaticano, o objetivo foi atingir "um público mais amplo".
O Papa passou uma "noite tranquila"
Ao longo dos 22 dias de internamento, a saúde de Jorge Bergoglio passou por altos e baixos. No entanto, desde a sua última crise respiratória na segunda-feira, não teve mais recaídas e a sua condição permanece "estável", de acordo com o boletim médico divulgado na quinta-feira.
O primeiro papa latino-americano "passou uma noite tranquila", disse o Vaticano num breve comunicado divulgado esta sexta-feira. Embora o seu prognóstico permaneça "reservado", a Santa Sé não fornecerá o relatório médico habitual esta noite, devido à sua estabilidade.
No 10º andar do hospital Gemelli, o pontífice alterna descanso com orações e um pouco de trabalho. À noite, respira com a ajuda de uma máscara de oxigênio, que ele troca por tubos nasais de alto fluxo durante o dia.
Os médicos ainda não comentaram por quanto tempo ficará internado ou permanecer doente. Esta é a quarta hospitalização mais longa desde 2021 e levanta preocupações sobre problemas anteriores que enfraqueceram a sua saúde nos últimos anos: operações no cólon e no abdómen e dificuldades em caminhar.
A situação também levantou questões sobre a sua capacidade de desempenhar as funções de pontífice, principalmente porque o direito canónico não prevê nenhuma disposição no caso de algum problema grave afetar a sua lucidez.
Francisco, que recentemente descartou a ideia de renunciar, como fez o seu antecessor Bento XVI em 2013, não aparece em público desde 14 de fevereiro, nem nenhuma imagem sua foi divulgada.
Durante a sua hospitalização em 2021, apareceu na a partir da clínica para a tradicional mensagem dominical do Angelus. Desta vez, esteve ausente nas últimas três semanas e não se sabe se reaparecerá no próximo domingo.
Num Vaticano sem o "Santo Padre" em pleno Jubileu, os fiéis não hesitam em viajar até ao norte da capital italiana e juntar-se em frente às portas do hospital Gemelli para rezar pela sua saúde, aos pés da estátua de João Paulo II.
Mas este não é o único lugar onde rezam: "Mesmo no silêncio das suas celas ou nas celebrações realizadas pelos capelães, as orações [dos presos] são sempre para o Papa", disse Raffaele Grimaldi, inspetor-geral dos capelães dos presídios italianos, nesta sexta-feira.
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