O vencedor do Prémio Sakharov do Parlamento Europeu, que homenageia o trabalho dos defensores dos direitos humanos e a liberdade de pensamento, está detido na Rússia e não pode por isso recebê-lo pessoalmente, pelo que será a sua filha, Daria Navalnaya, de 20 anos, a fazê-lo em seu nome.

A filha de Navalny está em Estrasburgo (França) acompanhada por Leonid Volkov, um dos seus principais conselheiros políticos e seu chefe de gabinete na campanha para as presidenciais de 2018, que já na terça-feira participou num seminário para jornalistas sobre a atribuição do prémio e a atual situação do opositor russo.

No seminário participou também Heidi Hautalam, vice-presidente do Parlamento Europeu responsável pela Rede Sakharov, que mencionou precisamente que “infelizmente não é pouco comum a cadeira do laureado estar vazia”.

Já Andrius Kubilis, membro da Comissão dos Assuntos Externos e relator no Parlamento Europeu sobre as relações com a Rússia, afirmou sobre a escolha do vencedor que “a Rússia não é só Putin e o Kremlim [Presidência russa]” e que “Navalny é um símbolo da Rússia", de uma "Rússia que tem futuro e vai vencer”.

O opositor de Putin, que já tinha sido nomeado para este prémio em 2019, é um dos líderes mais ouvidos da oposição ao regime do Presidente russo e ganhou reconhecimento internacional depois de concorrer às eleições e lutar por reformas anticorrupção.

Após ter sobrevivido em 2020 a um envenenamento pelo qual acusa o Kremlin, Navalny foi detido no início de 2021 no seu regresso à Rússia e depois condenado a mais de dois anos de prisão, pena que cumpre no campo prisional de Pokrov.

O reconhecimento de Navalny, que ganhou a votação sobre um grupo de mulheres afegãs e da ex-Presidente boliviana Jeanine Áñez, faz parte das mensagens críticas da grande maioria do Parlamento Europeu em relação ao regime russo e ao tratamento que este dá aos ativistas dos direitos humanos ou opositores políticos de Putin.

Lançado em 1988, o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento, no valor de 50.000 euros, recompensa anualmente pessoas ou organizações que defendem os direitos humanos e as liberdades fundamentais.