Paulo de Carvalho, quase a completar 70 anos, participou em várias edições do Festival RTP da Canção, tendo vencido em 1974 com "E depois do adeus", a música que o deixou em último lugar na Eurovisão, mas que faz parte da história portuguesa por ter sido uma das senhas da revolução de Abril de 1974.
O músico diz que perdeu o interesse em ver o Festival da Canção, mas elogia a participação portuguesa deste ano: "Acho que aquilo não tem nada a ver com música na maioria dos casos. Este ano levamos esta feliz bofetada e ainda bem. É uma música muito bonita, muito bem cantada, por uma pessoa que, à parte um bom músico, é uma grande pessoa".
Salvador Sobral, 27 anos, representará Portugal na final do Festival Eurovisão da Canção, no sábado em Kiev, com o tema "Amar pelos dois", composto por Luísa Sobral e que o transformou num fenómeno na Internet.
Paulo de Carvalho desvaloriza a importância do festival, referindo que "concursos são concursos" e "não é por ganhar ou perder este que ele [Salvador Sobral] vai ficar melhor ou pior".
"Eu penso que lhe puseram em cima dos ombros, aqui, um peso que não deveria ter. Em 74 com 'E depois do adeus' tive um peso tão grande ou maior do que esse. Aquilo é muito complicado, ter que ganhar, não ter que ganhar, perder. Lá fora [eu] estava completamente à vontade", recordou.
Autor de mais de 300 canções, muitas para a voz de outros intérpretes, Paulo de Carvalho diz que rejeitaria compor para uma futura edição do festival.
"Aquilo não tem remédio. Pode haver momentos assim como este, bonitos, mas o festival não tem conserto há muitos anos. Podem inventar o que quiserem, aquilo não tem conserto, já foi. Já tenho idade para não dizer nunca, mas não", sublinhou em entrevista à agência Lusa.
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