Falando na abertura de um evento político em Ávila, Casado advertiu que não tenciona permitir que “se morda o anzol ao debater sobre o passado a desenterrar”, anunciando uma proposta de reforma que, segundo fontes da direção nacional do PP, substituirá uma boa parte da memória histórica.
Uma “lei da concórdia”, como o líder do PP quer, passa por “reivindicar a transição” e impedir que se reescreva a história de forma sectária, através de palavras de rancor sobre a sociedade espanhola.
O líder do PP, que considerou “irresponsável e desnecessária” a lei da memória histórica, lamentou que se esteja a falar “novamente da guerra civil [espanhola]”, uma “ridícula cartada da esquerda radical para justificar o sectarismo e dissimular a incompetência”.
Pablo Casado insistiu que com a “transição” os espanhóis “derrotarão definitivamente o confronto civil” e terão “grandeza moral, sentido da história, reconciliação e concórdia”, algo que a muitos continua a faltar.
Concórdia será, na opinião de Casado, a “palavra chave” desta nova etapa política, em que o seu partido continuará a reivindicar a vigência da Constituição contra aqueles que buscam a divisão e a rotura social.
Em toda a Espanha estima-se que existam mais de 2000 valas comuns com mais de 100 mil vítimas que estão, ainda hoje, dadas como “desaparecidas”, depois daquele que é descrito com o genocídio franquista.
Entretanto, o executivo espanhol iniciou formalmente a 24 de agosto, ao aprovar um decreto-lei em conselho de ministros, o procedimento legal para a exumação de Francisco Franco, vencedor da guerra civil espanhola (1936-1939) e que dirigiu o país com mão de ferro até à morte.
Os restos mortais do ditador encontram-se num túmulo no Vale dos Caídos, um monumental complexo a cerca de 40 quilómetros de Madrid encimado por uma cruz com 150 metros de altura.
Os cadáveres de cerca de 27.000 combatentes franquistas e cerca de 10.000 opositores republicanos estão também ali sepultados, dento de uma cripta.
O diploma aprovado na semana passada altera a Lei de Memória Histórica para estabelecer o Vale dos Caídos como um “local de evocação, recordação e homenagem às vítimas” da Guerra Civil (1936-1939), onde “apenas poderão jazer os restos mortais” das vítimas do conflito.
Assim, o texto declara “de urgente e excecional interesse público, assim como de utilidade pública e interesse social, a imediata exumação e trasladação dos restos mortais” do ditador.
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