"Se a primeira-ministra é incapaz de negociar um acordo que consiga ganhar uma maioria no parlamento e funcionar para o país todo, o plano alternativo do 'Labour' pode e deve tomar o seu lugar", disse, no encerramento da conferência anual da organização patronal Confederação da Indústria Britânica, em Londres.
A totalidade dos partidos da oposição, dezenas de deputados do partido Conservador e até o Partido Democrata Unionista, cujos 10 deputados sustêm a maioria do governo na Câmara dos Comuns, já afirmaram a intenção de chumbar o texto, pondo em causa a necessária aprovação no parlamento britânico.
Corbyn argumentou a favor de um "acordo sensato" que garanta uma "relação forte" com o mercado único europeu e que mantenha os direitos dos trabalhadores, dos consumidores ou para a proteção do ambiente ao nível dos estabelecidos pela UE
Defendeu ainda "uma nova união aduaneira abrangente e permanente com um poder de decisão britânico em futuros acordos comerciais que assegure que não vai haver uma fronteira física na Irlanda do Norte e evite a necessidade da solução mal negociada pelo governo".
O líder trabalhista admitiu que, se não forem convocadas eleições legislativas, o partido Trabalhista mantém-se aberto a outras opções, "incluindo alguma forma de voto público".
O que o 'Labour' não aceitará é o cenário da falta de acordo, garantiu, confiante de que "nem o governo nem o parlamento apoiariam um caminho tão extremo e francamente perigoso" e que preocupa os empresários.
"A ameaça simplesmente não é realista. Se o governo acreditasse que a falta de acordo era uma opção genuína, teria feito preparativos sérios, mas não fez", sublinhou.
A secretária-geral da CBI, Carolyn Fairbairn, comentou na introdução a Corbyn estar em "em desacordo" com "muitos aspectos" das propostas do partido Trabalhista, mas mostrou-se disposta a "continuar a falar".
Antes, durante a tarde, criticou a intervenção da primeira-ministra, que deu destaque ao controlo da imigração como um dos maiores benefícios do 'Brexit' e do acordo de saída da UE.
"No futuro já não será possível aos cidadãos da UE, independentemente das competências ou da experiência que têm a oferecer, poderem passar na fila à frente dos engenheiros de Sydney ou dos programadores de informática de Deli", prometeu Theresa May.
A diretora da CBI, organização que agrega cerca de 190 mil empresas, lamentou que o governo não esteja a ter em conta as necessidades de empresas de trabalhadores com qualificações menos elevadas, mas igualmente necessárias.
"A livre circulação de pessoas está a acabar e um novo sistema de imigração representa uma mudança sísmica, a que as empresas em todo o país precisam de tempo para se adaptar. Uma falsa escolha entre trabalhadores com qualificações altas e baixas privaria empresas, desde construtoras de casas a prestadoras de cuidados de saúde, de competências vitais que elas precisam para prosperar", enfatizou.
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