Discursando no XX Congresso do PCP sobre a situação do setor da banca em Portugal, Miguel Tiago defendeu também a tese de que o controlo público da banca - uma posição de princípio dos comunistas - "é condição necessária mas não suficiente" para se solucionarem as questões financeiras do país, sustentando, aqui, o caráter imperativo de Portugal renegociar a sua dívida e sair do euro.
Para justificar que o controlo público da banca não basta só por si, o deputado comunista invocou como exemplo o caso da Caixa Geral de Depósitos (CGD).
Mas essa foi a única referência que o deputado comunista fez sobre banco o público ao longo do seu discurso.
Na sua intervenção, Miguel Tiago deixou sobretudo um aviso em relação ao futuro do Novo Banco: "A concretizar-se a sua entrega a um banco privado, configura-se um novo processo de limpeza da dívida da banca para continuar nas mãos dos mesmos".
Segundo Miguel Tiago, desde 2009, "as perdas por imparidades superaram os 16 mil milhões de euros", valor que disse depois ter sido "retirado dos recursos públicos".
"Mais seis mil milhões de euros foram ainda obtidos em parte por créditos garantidos pelo Estado e concedidos aos bancos portugueses", afirmou.
Miguel Tiago criticou neste contexto os sucessivos governos que, "em vez de cumprirem a lei e a Constituição, contribuíram para a consolidação de monopólios e para a concentração do poder financeiro".
O deputado do PCP referiu-se mesmo a uma decisão já da responsabilidade do atual Governo: O Banif.
"O caso Banif, entregue ao Banco Santander Totta, é um claro exemplo de intervenção estatal para limpar a dívida de um banco e para o entregar a um outro banco maior. Gradualmente, as instituições bancárias estão a sofrer um processo de aglutinação, contribuindo para a formação de monstros financeiros que constituem um risco cada vez mais significativo para os interesses dos povos", defendeu.
Miguel Tiago acusou ainda a banca privada de ter "arriscado a poupança de milhões de trabalhadores" e de ter promovido uma política de distribuição de dividendos que ignorou os riscos do crédito.
No caso do BES (Banco Espírito Santo), salientou o deputado do PCP, "não foi possível salvá-lo sem que milhares de milhões fossem desviados dos recursos públicos, implicando cortes nas despesas sociais".
"Salvar o BES implicou o incumprimento da Constituição da República. Isso é verdade também para o que se passou no BPN (Banco Português de Negócios), no BPP (Banco Privado Português), no Banif e BCP (Banco Comercial Português). É verdade também para todos os bancos privados", acrescentou.
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