O comissário adjunto da Polícia Metropolitana, Matt Twist, adiantou que os contra-protestos começaram logo de manhã, com a chegada de várias centenas de pessoas à capital britânica que “pareciam querer conflito e violência”.

Os confrontos começaram quando estes grupos tentaram chegar ao Cenotáfio, monumento de memória aos mortos da Primeira Guerra Mundial, perturbando uma cerimónia de comemoração do Dia do Armistício às 11:00, e continuaram durante a tarde.

Segundo a polícia, as 92 detenções resultaram de posse de armas brancas, bastões, drogas e ataque a agentes da polícia.

“Houve uma série de número de grupos neste contra-protesto que se separaram e pareciam querer confrontar a manifestação principal palestiniana”, explicou o responsável, num vídeo partilhado na rede social X.

A polícia estimou que a marcha em defesa de um cessar-fogo em Gaza mobilizou cerca de 300 mil pessoas, a qual Twist disse ter decorrido “sem incidentes”.

A manifestação, organizada por grupos de esquerda e organizações muçulmanas, começou junto a Hyde Park e terminou na embaixada dos Estados Unidos com um comício.

Na semana passada, o primeiro-ministro, Rishi Sunak, classificou os protestos pró-palestinianos de “provocatórios e desrespeitosos” por coincidirem com o Dia do Armistício, durante o qual são recordados os soldados mortos em guerras desde a Primeira Guerra Mundial.

Dezenas de milhar de pessoas têm participado em protestos todos os sábados nas ruas de Londres e em outras cidades do país desde o início dos bombardeamentos de Israel em Gaza, em resposta aos ataques mortais do grupo militante palestiniano Hamas no mês passado.

A polícia decidiu autorizar o evento de hoje porque considerou que as informações relativas ao risco de desordem grave não eram suficientes para decretar a proibição, mas reforçou a segurança com cerca de 2.000 agentes e poderes especiais para revistar pessoas e dispersar ajuntamentos.

A ministra do Interior, Suella Braverman, respondeu, acusando a polícia de “favoritismo” por permitir a manifestação, a qual descreveu como “bando de pró-palestinianos” e “manifestantes pelo ódio”.

“Os manifestantes de direita e nacionalistas que cometem agressões são, com razão, alvo de uma resposta dura, mas as multidões pró-palestinianas com comportamentos quase idênticos são largamente ignoradas, mesmo quando violam claramente a lei”, escreveu num artigo publicado na sexta-feira no jornal The Times.

O presidente da Câmara Municipal de Londres, Sadiq Khan, que é responsável pela segurança na cidade, responsabilizou Braverman pelos incidentes.

“As cenas de desordem a que assistimos por parte da extrema-direita no Cenotáfio são um resultado direto das palavras da ministra do Interior. O trabalho da polícia tornou-se muito mais difícil”, escreveu hoje na rede social X.

As principais comemorações relacionadas com o Dia do Armistício realizam-se no domingo, designado por Remembrance Sunday, quando o Rei Carlos III, políticos de topo, diplomatas, líderes militares e veteranos participam numa cerimónia de deposição de coroas de flores no Cenotáfio.