O setor da perfumaria de luxo enfrenta uma ameaça crescente: a disseminação de perfumes "inspirados" em fragrâncias icónicas, vendidos por uma fração do preço, diz o The Guardian.

Nesse sentido, empresas especializadas em propriedade intelectual alertam para a urgência de medidas legais que protejam os criadores originais destas composições, numa altura em que os consumidores — sobretudo os mais jovens — parecem cada vez menos preocupados com a autenticidade do produto que usam.

A popularidade destes produtos, conhecidos como dupes (do inglês duplicates, ou duplicados), disparou graças à promoção por influenciadores no TikTok e outras redes sociais, onde etiquetas como #perfumedupe acumulam milhares de publicações.

De acordo com o jornal britânico, metade dos consumidores do Reino Unido já terá comprado uma fragrância deste tipo e uma significativa percentagem admite voltar a fazê-lo. A motivação é clara: o acesso a uma sensação de luxo por um preço acessível.

Com isto, há empresas que lucram com o esforço criativo alheio. Mas como contornar esta situação? A principal dificuldade reside no facto de que, no Reino Unido, não é possível registar um cheiro como marca. A legislação exige que qualquer marca seja graficamente representável — um critério que o aroma, pela sua natureza subjetiva, não consegue cumprir.

Além disso, as patentes também não são uma solução viável. Para que uma fórmula seja patenteável, é necessário que apresente um grau de inovação — o chamado "passo inventivo" — que, segundo os especialistas, raramente se verifica nas fragrâncias comerciais.

Como resolução, há apenas uma à vista: são necessários mecanismos legais que obriguem os fabricantes de dupes a pagar royalties às marcas originais.