“Tenho que dizer honestamente: quero e gostaria que [o acordo] esteja assinado no final do ano. Até que ponto é que isto é realista? Responderei da seguinte maneira: Eu e o Governo faremos todos os esforços possíveis para que [assim] seja”, afirmou, citado pela agência de notícias Armenpress.
Pashinian também confirmou a sua presença numa reunião tripartida na cidade de Sochi, na Rússia, a 31 de outubro, na qual está prevista a participação do Presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, e do Presidente russo, Vladimir Putin.
“Há muitos temas acumulados que precisam de ser discutidos, a começar pelo tema da estabilidade e da segurança em Nagorno-Karabakh. Este ano, as Forças Armadas do Azerbaijão invadiram a zona de proteção das forças de paz russas, e não escondemos que a falta de resposta das forças de paz é incompreensível”, sustentou o primeiro-ministro arménio.
Sobre esse tema, sublinhou que, apesar dos acordos alcançados no grupo de trabalho trilateral, estão a ser feitas de Moscovo declarações a vários níveis sobre a necessidade de abrir um corredor de transporte através da Arménia, ao mesmo tempo que a parte russa não condenou a agressão do passado 13 de setembro.
Entre outros pedidos, o Azerbaijão solicitou, na última versão do texto do tratado de paz, o estabelecimento de um corredor através do território da Arménia, conhecido como Corredor de Zangezur, bem como a abertura de uma investigação para determinar o paradeiro dos soldados azeris desaparecidos durante o conflito.
Sobre o papel da Rússia no processo de negociações, o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Ned Price, explicou na terça-feira que cabe às duas partes avaliar se Putin “é útil para elas na procura dessa paz duradoura”.
“A invasão russa da Geórgia em 2008 e a sua brutal invasão em curso na Ucrânia sugerem que Moscovo tem pouco respeito pela soberania do seu vizinho e dificilmente é um parceiro confiável a longo prazo”, frisou Price, em resposta a declarações da porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova.
A parte russa garantiu no início desta semana que o Ocidente está a tentar replicar na zona do Cáucaso “os seus esquemas de confronto” na Ucrânia, classificando essa abordagem como “insolente”, já que, segundo Moscovo, o que Washington e Bruxelas pretendem é a expulsão da Rússia da Transcaucásia.
“Não há nada de autopromoção em tentar pôr fim a anos de conflito e a anos de incidentes que levaram à violência e, em última instância, a mortes, tanto do lado dos arménios como dos azeris. O nosso único objetivo aqui é ajudar estes países a trabalharem juntos para alcançarem uma paz total e duradoura e, em última análise, salvar vidas”, concluiu Price.
Os Governos da Arménia e do Azerbaijão acordaram em setembro um cessar-fogo, após os últimos confrontos na fronteira, que se saldaram em mais de 200 mortos.
Esses combates foram os mais graves desde 2020, quando se enfrentaram pelo controlo do enclave de Nagorno-Karabakh, um território com população maioritariamente arménia que é palco de conflito deste que decidiu, em 1988, separar-se da região do Azerbaijão, então integrada na União Soviética.
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