Desenvolvido pelo Centro de Investigação e Intervenção na Leitura (CiiL), do Porto, esta intervenção nasce de uma parceria entre esta instituição de ensino superior, a Câmara do Porto e o Ministério da Educação, iniciada em setembro de 2015 com um projeto-piloto em quatro escolas que, entretanto, numa segunda fase, foi alargado a 29 escolas de 16 agrupamentos escolares.
No ano letivo, 2018/19, já com financiamento do Portugal 2020, o CiiL interveio junto de 773 crianças, 538 das quais na educação pré-escolar e 235 no 1.º ciclo, ou seja, junto de crianças do último ano do pré-escolar e crianças do primeiro ano de escolaridade.
Em declarações à agência Lusa, a responsável do CiiL, Ana Sucena, explicou que “o alvo de intervenção são as competências pré-leitoras e leitoras que estão fortemente relacionadas com o sucesso da aprendizagem da leitura” e, hoje, na primeira conferência deste centro foram apresentados os resultados da intervenção no último ano letivo.
“O balanço é muito positivo quer informalmente – porque vamos tendo nota de que as crianças, professores e pais gostam – quer formalmente porque é muito positivo para nós que os resultados nos mostrem que nós conseguimos levar crianças que, à partida iam ter dificuldades e ficar aquém, que as consigamos levar além do valor de referência. Esta é a confirmação do que seria destas crianças se não houvesse projeto”, disse Ana Sucena à Lusa.
O CiiL, através de equipas multidisciplinares que incluem profissionais da educação e da saúde do Porto, trabalha, ao nível dos 5 anos, a consciência fonémica e a linguagem.
Posteriormente é trabalhada a consciência fonémica e as relações letra/som, ou seja, descreveu a responsável, “os alicerces daquilo que nos vai permitir ler uma palavra isoladamente”.
Por “consciência fonémica” entenda-se a sensibilidade aos sons que corresponde a uma letra, como por exemplo o ‘re’ é uma letra, o ‘fe’ é outra, assim como o ‘à’ é outro fonema.
“Nos 5 anos trabalhamos numa lógica de promoção. Umas [crianças] estão em risco e outras não. Depois avaliamos as crianças todas e só intervimos com aquelas que pontuam como estando em elevado risco. Assim que conseguimos que essa base esteja definida, passamos para o processo de descodificação que é essa capacidade de leitura de termo a termo, de letra a letra para conseguir ler uma palavra. O nosso objetivo fica por aqui no sentido de conseguirmos que as crianças sejam fluentes”, desenvolveu a responsável.
Na conferência de hoje, o CiiL frisou que pretende avançar para a criação de uma rede nacional que alargue a outros territórios, para além do Porto, um modelo de intervenção que resulta no sucesso ao nível da aprendizagem na leitura.
“Queremos fazer uma rede a nível nacional. Os objetivos são os mesmos, mas queremos aumentar a capacidade de resposta”, disse Ana Sucena.
Já o pró-presidente do Instituto Politécnico do Porto para a Investigação, Luís Miguel Pinho, apontou que o ‘feedback’ dos agrupamentos, das crianças, bem como dos encarregados de educação é de que “há uma maior capacidade das crianças de progredir na leitura fruto deste trabalho de intervenção”.
“Queremos criar uma rede para mostrar o projeto às estruturas locais [a nível nacional], sejam instituições de ensino ou autarquias. O nosso objetivo é que este projeto seja usado como exemplo a ser replicado em outros sítios. Temos a convicção que devem ser as estruturas locais a dar apoio”, disse o Luís Miguel Pinho.
A este propósito, no final da conferência, Ana Sucena revelou que o CiiL já recebeu contactos da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Universidade do Algarve e Universidade de Évora, bem como Instituto Politécnico de Viseu.
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