“Liberdade é não ter medo”, “Mexeu com uma, mexeu com todas” ou “Qualquer discriminação terá oposição” eram algumas das frases que se liam nos cartazes empunhados pelos manifestantes, enquanto gritavam “não, não, não à discriminação”.
Nicol Quinayas, de 21 anos, nascida na Colômbia e a viver em Portugal desde os cinco anos, alega ter sido violentamente agredida e insultada na madrugada de 24 de junho, no Porto, por um segurança da empresa 2045 a exercer funções de fiscalização para a empresa STCP.
Presente na concentração, juntamente com a sua mãe, Nicol contou aos jornalistas que ainda não conseguiu retomar a sua vida normal, dado o episódio lhe ter deixado “marcas”.
Por seu lado, a mãe, Ângela Morales, relatou não ter sido a primeira vez que a filha passou por um episódio de racismo, depois de há dois anos um vizinho a ter insultado e chamado de “preta”, obrigando a família a mudar de casa por medo.
Alegando também ter sido vítima de um segurança da empresa 2045, há cerca de um ano, Leandro Mendes afirmou à Lusa ter sido insultado e empurrado na frente da sua mulher e filhos.
“Foram rudes comigo, foram agressivos e, sinceramente, nem sei porquê”, referiu.
Considerando que os seguranças acham “gozar de impunidade”, Leandro Mendes pede mais respeito pelos imigrantes porque, apesar de não serem portugueses, trabalham e pagam impostos.
Sem dados oficiais sobre o número de queixas, Marta Pereira, da SOS Racismo, revelou que a maioria das vítimas se cala porque se sentem desprotegidas pelo facto de estarem numa situação precária ou de forma ilegal no país.
Além disso, explicou, a maioria das vítimas não tem dinheiro para suportar os custos judiciais que um processo deste tipo pode envolver.
Dizendo que Portugal é um país racista, Marta Pereira ressalvou que os imigrantes são “muitas vezes” alvo de discriminação no acesso ao emprego ou à habitação.
Já Graciete Morais, que fez questão de se concentrar frente à STCP apenas por solidariedade, adiantou que este tipo de situações não pode acontecer em Portugal, nem em país nenhum.
“Estamos a falar de pessoas, isto revolta-me porque podia ser um filho meu e, isso, é angustiante”, vincou.
O Ministério Público abriu já um inquérito para investigar o caso, revelou na semana passada a Procuradoria-Geral da República (PGR), numa resposta escrita à Lusa.
Depois de o caso se ter tornado público, inicialmente pelas redes sociais e depois pelos jornais, a SOS Racismo condenou a agressão à jovem Nicol Quinayas, que reside em Gondomar, no distrito do Porto.
A Inspeção Geral da Administração Interna abriu já um processo para esclarecer junto da PSP o caso, também a empresa de segurança privada 2045 já anunciou, em comunicado, que iniciou um processo de averiguações interno relacionado com a agressão.
A STCP indicou que abriu um "processo interno" para averiguação, já a Câmara do Porto condenou de forma “veemente” o ocorrido.
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