São disso exemplo as consultas de Cardiologia, Urologia e Gastroenterologia, ao passo que em Dermatologia, por exemplo, várias pessoas se queixavam de não ter consulta devido à greve nacional que os médicos iniciaram às 00:00 de hoje.
Ainda sem saber se ia ou não ser atendido no Hospital de São João, estava Joaquim Caseiro, de 93 anos, depois de meses à espera para ser atendido em Oftalmologia. Em declarações à Lusa, o idoso disse não entender muito bem as razões da greve por considerar que os médicos “têm tudo o que querem”.
Na zona das consultas de Dermatologia, vários doentes queixavam-se por não serem atendidos. “Não acho bem porque as pessoas vêm de longe, gastam dinheiro e perdem um dia de trabalho para nada”, disse Maria Alice Valente, que se deslocou de Felgueiras.
Mais sossegado estava António Costa, que disse à Lusa já ter visto o seu médico urologista “a passar”.
Ao seu lado, Marcos Sampaio criticava os médicos que aderem à greve por não respeitarem quem se levanta de madrugada, vem de longe, “e chega aqui e tem de voltar sem consulta”.
Numa primeira análise feita aos jornalistas no Hospital de São João, Paulo Andrade, da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), disse ter a perceção de que a adesão à greve de dois dias ia ser “muito significativa”, remetendo para o final da manhã dados mais concretos.
Os médicos cumprem desde as 00:00 de hoje uma greve nacional de dois dias contra a falta de medidas do Governo em várias matérias, como redução dos utentes por médico de família e diminuição de horas em urgência.
Consultas e cirurgias programadas devem ser as mais afetadas nestes dois dias de greve, com os profissionais a cumprirem obrigatoriamente os serviços mínimos, que contemplam as urgências, quimioterapia e radioterapia ou transplantes.
A paralisação foi convocada pelos dois sindicatos médicos para hoje e quinta-feira e é a primeira destes profissionais de saúde que enfrenta o ministro Adalberto Campos Fernandes.
O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) reivindicam um conjunto de 30 pontos e queixam-se de que o Governo tem empurrado as negociações ao longo de um ano, sem concretizações, e demonstrando falta de respeito pelos profissionais.
Limitação do trabalho suplementar a 150 horas anuais, em vez das atuais 200, imposição de um limite de 12 horas de trabalho em serviço de urgência e diminuição do número de utentes por médico de família são algumas das reivindicações sindicais.
Os sindicatos também querem a reposição do pagamento de 100% das horas extra, que recebem desde 2012 com um corte de 50%. Exigem a reversão do pagamento dos 50% com retroatividade a janeiro deste ano.
O Ministério da Saúde tem dito que não negoceia sob pressão e considera-se empenhado no diálogo com os sindicatos médicos.
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