A diplomata, que entregou na terça-feira ao secretário-geral da ONU as cartas que a credenciam como representante permanente de Portugal junto da organização, admitiu que assume o cargo num "momento difícil", mas sublinhou que este é também o momento para o multilateralismo prevalecer.
Questionada sobre as críticas quer contra António Guterres, quer contra as próprias Nações Unidas, por alegada passividade perante a guerra na Ucrânia, a diplomata saiu em defesa do secretário-geral, avaliando que o português "tem enfrentado esta crise com muita coragem e com muita segurança".
"Este é um momento difícil, exige muita coragem e exige muita força, muita vontade de mantermos esta ideia de que só através da paz e do multilateralismo é que conseguiremos encontrar soluções para os problemas que enfrentamos. Acho que o secretário-geral tem enfrentado esta crise com muita coragem, com muita segurança, dando passos que são muito medidos, mas que estão a permitir obter resultados concretos, nomeadamente a nível de ajuda humanitária e de abertura de corredores humanitários na Ucrânia", para a retirada civis, advogou.
Ana Paula Zacarias salientou à Lusa na sede da ONU, em Nova Iorque, que António Guterres, além do conflito na Ucrânia, está ainda empenhado "em olhar sempre com muito equilíbrio para todos os outros conflitos a nível mundial" e que "é preciso ter a noção de que precisamos de trabalhar todos em conjunto e encontrar soluções apesar das nossas diferenças".
Face à candidatura portuguesa a um assento no Conselho de Segurança da ONU, a embaixadora afirmou que irá trabalhar para dar mais visibilidade ao país, para que outras nações "acreditem e votem" em Portugal.
"Neste momento, Portugal está a trabalhar ativamente na sua candidatura. As eleições terão lugar em 2026 para o biénio 2027/2028 e estamos a acelerar a nossa presença na organização, a nossa participação em vários grupos de trabalho formais e informais, nas várias agências da ONU, para mostrar a nossa capacidade de criar pontes, de fazer diálogo com todas as regiões do mundo, e a nossa posição de princípio que é muito clara na defesa dos direitos humanos e na defesa dos direitos económicos e sociais", declarou a ex-secretária de Estado dos Assuntos Europeus.
"Portugal tem uma agenda que é conhecida, que é coerente, coesa desde há muitos anos e que agora se trata de lhe dar mais visibilidade para que possam mais países acreditar em nós e votar em nós, e acreditar que nós podemos fazer um pouco da diferença no Conselho de Segurança", concluiu Zacarias, que sucede no cargo ao embaixador Francisco Duarte Lopes.
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