Numa conferência de imprensa desde o ‘quartel-general’ das Nações Unidas em Genebra (Suíça), consagrada à «escalada da violência e das violações dos direitos humanos em Gaza e em todos os territórios palestinianos ocupados», a relatora para os direitos humanos, Francesca Albanese, disse que “a maior parte” dos países ocidentais “permanecem inativos, no melhor dos casos, ou ativamente a ajudar e a assistir à conduta criminosa de Israel”, colocando Portugal entre as poucas exceções.
Ao ser questionada sobre os seus comentários relativamente à passividade do Ocidente, Albanese disse ser “muito mais fácil enumerar os países ocidentais que fizeram algo” para contrariar “a maioria que tolera ou permite a conduta de Israel” em Gaza e restantes territórios palestinianos ocupados, e apontou então “Espanha, Irlanda, Bélgica, Luxemburgo, Eslovénia, e, em certa medida, Portugal" como países que "têm sido mais críticos, e que, em medidas diferentes, tomaram alguns passos”.
Em maio passado, Espanha e Irlanda, juntamente com Noruega, reconheceram o Estado palestiniano, tendo a Eslovénia tomado idêntica posição em junho. Portugal, Bélgica e Luxemburgo ainda não o fizeram, mas são desde há muito defensores da solução de «dois Estados», na linha da ONU, e ao longo dos últimos meses têm criticado os abusos da operação israelita na sequência dos ataques terroristas do Hamas a 07 de outubro de 2023, reclamando um cessar-fogo.
A 29 de agosto passado, à margem de um encontro dos chefes de diplomacia da União Europeia (UE), em Bruxelas, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, revelou que Portugal “tem abertura” para considerar sanções contra elementos específicos do Governo israelita, se houver um “consenso europeu”, na sequência de um apelo nesse sentido feito pelo alto representante para a Política Externa da UE, Josep Borrell.
Na conferência de imprensa de hoje participaram mais três relatores especiais - George Katrougalos, relator sobre a promoção de uma ordem internacional democrática e equitativa, Pedro Arrojo-Agudo, relator sobre o direito à água potável e ao saneamento, e Tlaleng Mofokeng, relatora sobre o direito à saúde física e mental -, tendo todos advertido para a gravidade da situação no terreno, que dizem ser possível face ao sentimento de “impunidade” de Israel.
Defendendo que “a comunidade internacional tem de agir de forma decisiva e agora”, Francesca Albanese, relatora especial da ONU para a situação dos direitos humanos nos territórios palestinianos ocupados desde 1967, insistiu hoje que a escalada de violência, não só na Faixa de Gaza, mas também na Cisjordânia, “é alarmante”, e embora haja já mais de 40 mil palestinianos mortos como resultado das operações israelitas, no que classifica sem hesitações como “um genocídio em curso”, “os responsáveis pelos crimes continuam impunes”.
Também o relator especial sobre a promoção de uma ordem internacional democrática, George Katrougalos, defendeu “o reconhecimento imediato do Estado da Palestina” por parte da comunidade internacional, afirmando que “é da maior importância que todos os Estados exerçam pressão com vista a um cessar-fogo imediato em Gaza”.
Israel está em guerra contra o Hamas desde o ataque do movimento islamita palestiniano, a 7 de outubro passado, em que morreram 1.205 pessoas, na maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em números oficiais israelitas, que inclui reféns mortos em cativeiro.
A operação militar israelita de resposta já causou pelo menos 41.182 mortos, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas em Gaza, que não especifica a percentagem de combatentes e civis mortos.
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