O objectivo é ter uma estrutura organizada, com peso mundial, e ganhar eficácia na defesa dos valores das touradas, disse o presidente da ProToiro, Paulo Pessoa de Carvalho, ao SAPO24.

Todos os membros do novo conselho têm tradição de touros, ainda que a lide seja diferente em cada um dos países, e "a troca de experiências permitirá descobrir caminhos comuns e criar uma dinâmica de fundo".

Além da ProToiro (Portugal), assinaram o acordo para promover a tauromaquia a Fundación del Toro de Lídia (Espanha) e o Observatoire National des Cultures Taurines (França). Para já o Conselho Internacional de Tauromaquia vai apoiar os países na candidatura das touradas a património cultural imaterial da humanidade.

O responsável da ProToiro admite que nesta altura do politicamente correcto as vozes contra as corridas de touros têm falado mais alto. O PAN e o Bloco de Esquerda já apresentaram na Assembleia da República vários projectos de lei para acabar com as touradas, sem êxito. Da mesma forma, o ex-secretário de Estado da Cultura Francisco José Viegas tentou tirar da gaveta uma proposta para animar uma actividade que já teve melhores dias.

Os espectáculos tauromáquicos continuam a ser tema de amor e ódio, mas um estudo recente da Eurosondagem mostra que os aficionados representam cerca de 35% da população portuguesa, enquanto contra estão apenas 9%. Para os restantes é indiferente, embora entre 30% e 40% considerem que as touradas não deviam acabar por completo.

Negócio perdeu 2,5 milhões

O negócio das corridas de touros perdeu qualquer coisa como 2,5 milhões de euros nos últimos cinco anos. Se em 2012 a actividade gerava quase 10 milhões por ano, hoje ela não ultrapassa os 7 milhões.

Em 2012 realizaram-se 274 corridas de touros no país, de acordo com dados da Associação Portuguesa de Criadores de Toiros de Lide. Este número tem vindo sempre a diminuir de ano para ano e em 2017 realizaram-se perto de 200 corridas. A uma receita média de 35 mil euros por corrida, é fácil fazer as contas.

A questão é que este dinheiro é diluído por diversas entidades, que vão desde os empresários ao Estado, passando pelo criadores de touros ou pelos cavaleiros. Se com uma boa corrida – numa das melhores praças, com bons cavaleiros e touros das melhores ganadarias – é fácil ganhar 50 mil euros, também é fácil perder uma boa fatia deste montante.

Para dar uma ideia, organizar e montar a festa brava tem custos: praça de touros (4 mil euros), reses (10 mil euros), cavaleiros (5 mil euros), forcados (mil euros), licenças da Inspecção-Geral das Actividades Culturais (mil euros), sindicato dos toureiros (350 euros), bandarilhas/embolação (400 euros), banda (500 euros), bombeiros (400 euros), polícia (350 euros), transporte (1€/Km). Ou seja, uma média de 25 mil euros.

Além disso, as touradas têm vindo a perder espectadores, segundo números oficiais, e hoje não ultrapassam as 500 pessoas. O preço dos bilhetes é o equivalente àquele que é pago para assistir a uma partida de futebol: entre 10 e 50 euros.

Existem em Portugal 66 praças de touros e uma boa parte delas não pertence aos municípios, mas sim à Santa Casa da Misericórdia, que lança os concursos de exploração a cada três anos, sensivelmente. Os valores pedidos dependem das dimensões da praça, da localização e até das condições do edifício. Depois, cabe à empresa ganhadora pagar a luz, a água e a manutenção do edifício.

A praça de touros de Vila Franca de Xira, que está entre as maiores do país, com uma capacidade para 3500 lugares, rendeu à Santa Casa cerca de 40 mil euros. O Campo Pequeno, a maior praça do país, é um caso à parte e está concessionado por 100 anos.

Viana do Castelo foi o primeiro concelho a assumir-se anti-touradas, depois de em 2009 ter aprovado uma declaração para obrigar qualquer organizador a ter de pedir autorização para realizar um espectáculo com animais.