“O estado dos pequenos peixes pelágicos no Atlântico Nordeste deveria ser preocupante para Portugal, já que a nossa frota captura espécies como o carapau, a sardinha e o biqueirão” referiu Vera Coelho, no âmbito de um relatório hoje divulgado sobre o estado das espécies forrageiras (de que se alimentam peixes maiores e outros animais marinhos, como aves e mamíferos).
À agência Lusa, a vice-presidente adjunta da ONG de conservação marinha, disse ainda que deve ser assegurado que a pesca destas espécies seja gerida de forma a preservar o futuro tanto das nossas comunidades piscatórias como dos ecossistemas marinhos.
A título de exemplo, indicou que estas espécies que se deslocam em cardume na zona pelágica são fundamentais para ajudar a recuperação de outros peixes, como o bacalhau e o atum, que delas dependem como alimento.
Segundo um relatório hoje divulgado, no âmbito das negociações, em Bruxelas, das possibilidades de pesca para 2024, apenas uma em cada seis populações de peixes forrageiros no Atlântico Nordeste, que inclui as zonas de pesca de Portugal, é explorada de forma sustentável e encontra-se num estado saudável.
Das 32 populações de peixes forrageiros analisadas pela Oceana, apenas 16% (cinco populações) são exploradas “de forma sustentável e se encontra num estado saudável”.
O relatório da Oceana, sublinhou ainda Vera Coelho, destaca “a necessidade urgente de adotar estratégias de gestão sustentáveis a longo prazo em toda a região [do Atlântico Nordeste], o que requer a cooperação de todos os países costeiros com atividade de pesca sobre estas espécies.”
Os totais admissíveis de capturas para 2024 estão já em negociação, devendo a Comissão Europeia avançar com uma proposta em novembro, que será fechada pelos ministros das Pescas da UE no conselho de 11 e 12 de dezembro, para as águas da UE e internacionais, em colaboração com outros países, como a Noruega, o reino Unido e o Canadá.
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