De acordo com um inquérito revelado hoje pela Comissão Europeia, no dia em que é assinalado o arranque do Ano Europeu do Património Cultural (AEPC), no Fórum da Cultura Europeu, em Milão, 69% dos portugueses não estão envolvidos em qualquer área do património, seja através de visitas a locais ou eventos, de doações ou outras atividades, enquanto a média europeia para esse indicador é de 48%.
Embora estejam entre os cidadãos que mais atribuem importância ao património cultural para o seu país, com a quase totalidade – 96% - a responder afirmativamente à pergunta, e sejam os segundos (a seguir à Grécia) a mostrar-se orgulhosos de algum elemento do património local, os portugueses foram dos que mais indicaram a falta de interesse (45%) como o maior entrave ao acesso a locais ou atividades ligadas ao património cultural, a que se segue o preço e a falta de tempo.
No entanto, questionados sobre se gostariam de saber mais sobre o património cultural, 67% responderam de forma positiva.
Os portugueses são os que menos visitam com regularidade locais, monumentos e museus ou vão a eventos como concertos e festivais, com 17% a terem respondido afirmativamente à pergunta, face a uma média europeia de 31% e a um pico de 81% na Suécia ou 78% na Holanda.
No contexto do voluntariado ligado ao património, os portugueses também se encontram no lado mais baixo da escala, com apenas 2% a dizer que o faz, enquanto a média europeia é 5%, havendo países como a Finlândia, Suécia e Estónia a rondar os 20%.
A seguir aos húngaros e aos gregos, os portugueses são os que menos provavelmente se deixariam influenciar pelo património cultural no momento de decidir o local de férias, com uma percentagem de 57% a afirmá-lo.
Ainda assim, os resultados do Eurobarómetro hoje divulgado mostram uma subida de 18 pontos percentuais em Portugal, para 45%, entre os que disseram ter visitado um monumento ou local histórico nos últimos 12 meses, sendo um dos quatro mais acentuados aumentos em relação a 2013.
Questionados sobre quem deve trabalhar mais em prol da defesa do património cultural, os portugueses colocam em primeiro lugar as autoridades nacionais, locais e regionais (55%), com 12% a encarar os patrocinadores como quem mais o devia fazer.
O inquérito do Eurobarómetro foi levado a cabo entre 23 de setembro e 02 de outubro deste ano, tendo realizado em Portugal 1.062 entrevistas.
Segundo o portal da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), o AEPC, "pela sua escala e pelo contexto de mudanças que se vivem na Europa, será um momento importante para chamar a atenção, não só para as oportunidades que o Património Cultural nos oferece, mas também para os imensos desafios que hoje se nos colocam – a globalização, o desenvolvimento acelerado da utilização de novas tecnologias de informação e comunicação, as crises de valores e de identidade, as alterações climáticas e os conflitos, as pressões e contradições geradas pela cada vez maior mobilidade humana por todo o planeta".
Questionada pela Lusa em outubro, a assessoria de imprensa da DGPC disse que "o papel da DGPC [no AEPC] será essencialmente o de apelar à participação e mobilização da sociedade civil em torno do tema, tal como sucede com os dias internacionais dos Monumentos e Sítios e dos Museus".
Para o orçamento do AEPC, prevê a DGPC candidatar-se a fundos europeus, além de garantir a comparticipação, no âmbito da despesa prevista, com a aprovação da proposta do Orçamento do Estado para 2018.
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