"Eu tinha intenção de visitar a Venezuela, mas naturalmente quando as condições de vida social, económica e também política se deterioraram, a urgência desse encontro, dessa presença, ganhou outro destaque, porque a presença do Governo é sempre uma demonstração de que os portugueses da Venezuela não estão esquecidos, estão no centro das nossas preocupações e de todas as estruturas do Estado português", disse.
José Luís Carneiro falava à Agência Lusa e à Antena 1 no âmbito de uma visita de quatro dias à Venezuela, que iniciou na terça-feira, conjuntamente com o secretário regional dos Assuntos Parlamentares e Europeus da Madeira, Sérgio Marques.
A visita, disse, tem como objetivo "manter os canais de comunicação em bom funcionamento, no que diz respeito nomeadamente à relação com as autoridades venezuelanas, que são absolutamente indispensáveis para garantir e promover as condições de segurança e de bem estar dos portugueses".
Carneiro salientou também "a relação de boa cooperação" com dezenas de associações luso-venezuelanas que estão muito ativas na vida coletiva da comunidade, nomeadamente de caráter social e que desenvolvem um trabalho muito importante de identificação de casos de necessidade mas também de mobilização de recursos para apoiar essas famílias”.
O Governo quer ainda "verificar o modo como os serviços consulares estão a procurar corresponder às necessidades que são colocadas por aqueles que querem requerer documentação dos serviços consulares (…) e, por outro lado, encontrar-se com empresários, porque na Venezuela há centenas de empresas portuguesas, desde as pequenas empresas de comércio à distribuição, até grandes empresas dos setores agroalimentar e nas infraestruturas essenciais do país (transporte e comércio internacional)", disse.
Crise está a afetar “tremendamente” a comunidade portuguesa
A crise política, económica e social na Venezuela está a afetar "tremendamente" a comunidade portuguesa, relativamente à qual as autoridades de Lisboa devem expressar solidariedade, disse em Caracas o secretário regional dos Assuntos Parlamentares e Europeus da Madeira.
"O que sinto, pelas conversas que já tive, é que a situação se degradou bastante nestes meses que medeiam entre a minha anterior visita (julho de 2016) e esta que está a ocorrer neste momento", disse.
Sérgio Marques falava à margem de uma visita à Venezuela, que iniciou na terça-feira, conjuntamente com o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro.
"Acho que a situação está a degradar-se acentuadamente e é cada vez mais preocupante, até porque não descortinamos uma saída para esta crise política, social, económica, muito profunda em que a Venezuela está a mergulhar e que afeta, obviamente, tremendamente a nossa comunidade", frisou.
Por outro lado, explicou que a razão da sua atual visita à Venezuela "não é vir aqui descortinar soluções para a crise política, é pelo contrário exprimir um sinal claro de solidariedade com a nossa comunidade". "Nós devemos estar com a nossa comunidade nos bons momentos, mas também nos maus momentos, como é este em que nos encontramos agora aqui na Venezuela", frisou.
Segundo Sérgio Marques, "acima de tudo a visita tem por grande propósito essa expressão de solidariedade para com comunidade". "Não a abandonamos. São madeirenses, independentemente do sítio onde estejam a viver, e portanto é também essa mensagem que quero transmitir com a minha vinda cá", concluiu.
Durante a deslocação, o secretário regional dos Assuntos Parlamentares e Europeus da Madeira vai encontrar-se com portugueses, empresários e autoridades locais em Caracas, Turumo, Maracay e Valência.
Portugueses "pretendem fazer da Venezuela o seu país de futuro"
À chegada à Venezuela o secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro, visitou as obras de expansão do Porto de La Guaira, o principal do país, que foi ampliado pela empresa Teixeira Duarte, contando com mais de 5.000 trabalhadores na construção.
"Trata-se de um porto (marítimo) que está numa região que representa 10% do comércio mundial e será uma empresa portuguesa a operar a gestão e administração do Porto de La Guaira", frisou.
Por outro lado, explicou que a grande maioria dos portugueses que se encontra na Venezuela "pretende fazer da Venezuela o seu país de futuro”. “Para muitos deles é a sua pátria, naturalmente com um sentimento hereditário muito forte a Portugal", disse.
A visita à Venezuela serve para lhes dizer que Portugal está com eles num momento especialmente difícil do ponto de vista social e económico, com condições graves do ponto de vista da segurança, salientou.
"A proximidade do secretário de Estado com as pessoas é uma proximidade do Governo, de Portugal, do seu primeiro-ministro, do ministro dos Negócios Estrangeiros, e é de todo o país, também do senhor Presidente da República", explicou.
José Luís Carneiro indicou que, há cerca de três semanas recebeu a informação de que 600 pessoas se tinham inscrito na Segurança Social da Madeira, e que teve conhecimento da chegada de cerca de 190 madeirenses, ainda que muitos tenham manifestado intenção de regressar à Venezuela.
"Muitos pretendem, depois de uma relativa estabilização social, regressar de novo, porque têm aqui os seus investimentos, muito do seu património, em muitos casos têm aqui os seus filhos", concluiu.
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