Em causa está a extinção de 41 postos laborais nessa corticeira, que propôs aos trabalhadores que transitassem para uma anunciada unidade de produção de rolhas em microgranulado mediante contratos novos que manterão o vínculo de antiguidade à empresa, mas apenas se os abrangidos aceitarem o regime de laboração contínua.
A situação, que os operários classificam de "chantagem", tem motivado uma greve que juntou hoje cerca de 40 pessoas à porta a fábrica, entre os quais dirigentes sindicais, representantes de partidos políticos e parte dos 41 trabalhadores abrangidos pelo despedimento coletivo, nomeadamente muitos dos 23 que já foram dispensados e enviados para casa sem perda de remuneração salarial.
"Há uma ou outra pessoa que vai aceitar o novo contrato e a laboração contínua, mas a larga maioria dos trabalhadores vai continuar a dizer que não", declarou à Lusa o porta-voz desses operários, Filipe Silva.
Os que não aceitarem o novo contrato entrarão na segunda-feira no processo efetivo de despedimento, que seguirá os trâmites normais consoante o tempo de serviço de cada funcionário da casa – sendo que entre esses se incluem pessoas com cerca de cinco a 20 anos de antiguidade, inclusive trabalhadoras grávidas e outras ainda lactantes.
"Mas não é para desistir e na próxima quinta-feira vamos ter uma audiência no Ministério do Trabalho, para pedir a intervenção do Governo, já que é uma falsidade dizer que os postos laborais foram extintos quando só querem é obrigar as pessoas a aceitar a laboração contínua", afirma Alírio Martins, dirigente do Sindicato dos Operários Corticeiros do Norte.
Na reunião, alertará também para a necessidade de "o Governo fiscalizar a Pietec por estar a despedir 41 pessoas quando ainda há pouco tempo foi classificada como de Potencial Interesse Nacional (PIN), por anunciar investimentos e prometer criar mais empregos".
Contactada pela Lusa, a administração da Pietec informa que, "no âmbito do processo de reestruturação, já vários trabalhadores assinaram o acordo de alteração de secção para transitarem para os setores de produção de rolhas de microgranulado".
A empresa realça que, até ao final do dia de hoje, "os trabalhadores poderão realizar de forma livre e transparente a sua escolha entre transitar para a produção de rolhas de microgranulado ou permanecerem no procedimento de despedimento coletivo, seguindo-se os trâmites legais aplicáveis".
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