A informação - que corrobora declarações que já haviam sido divulgadas antes, que davam esta como uma data provável e da preferência de Chico Buarque - foi confirmada à Lusa primeiro pela editora brasileira Companhia das Letras, que edita a obra do escritor, e posteriormente pelo Ministério português da Cultura.
Em outubro, o Ministério da Cultura disse à Lusa que o processo para marcação da data se encontrava "em curso", confirmando que "a cerimónia de entrega do Prémio Camões a Chico Buarque" se realizaria em Portugal, "conforme ditam as regras, na data que for conveniente a quem entrega e a quem recebe o Prémio".
A posição do Ministério da Cultura foi assumida na sequência da notícia de que o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, poderia não assinar o diploma de atribuição do Prémio Camões ao compositor e escritor Chico Buarque.
Na altura, quando passavam cinco meses após o anúncio da atribuição do prémio a Chico Buarque, Bolsonaro deixou claro que não tinha essa assinatura entre as suas prioridades, atirando-a para o termo de um eventual segundo mandato, em 31 de dezembro de 2026: “Até 31 de dezembro de 2026, eu assino”, disse, citado pelo jornal Folha de São Paulo.
Na altura, Chico Buarque publicou uma resposta na sua conta no Instagram: "A não assinatura do Bolsonaro no diploma é para mim um segundo Prémio Camões".
Chico Buarque, que enfrentou a ditadura militar (1964-1985) e detém um percurso de mais de meio século nas letras e na música, é um apoiante do Partido dos Trabalhadores (PT), defensor do ex-Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e crítico do governo de Jair Bolsonaro.
O valor total do prémio Camões é de 100 mil euros, divididos entre Brasil e Portugal. A parte financeira foi resolvida em junho, e a assinatura do diploma é apenas uma formalidade, mas o documento poderá chegar às mãos do músico sem a assinatura do presidente do Brasil.
Chico Buarque foi anunciado vencedor do Prémio Camões 2019 no passado dia 21 de maio, após reunião do júri, na Biblioteca Nacional do Brasil, no Rio de Janeiro.
Para o júri do Prémio Camões, a maior distinção literária de língua portuguesa, a escolha de Chico Buarque deve-se à sua "contribuição para a formação cultural de diferentes gerações", e o "caráter multifacetado" do seu trabalho, da poesia, ao teatro e ao romance, estabelecendo-se como “referência fundamental da cultura do mundo contemporâneo”.
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