António Borges Coelho é “um nome singular na historiografia portuguesa contemporânea”, lê-se na ata do júri, ao qual presidiu o catedrático de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores António Cruz Serra, reitor da Universidade de Lisboa.
O júri, em ata, destaca o “trabalho inovador” do historiador, que foi aluno desta Universidade e, de 1974 a 1994, professor no Departamento de História da Faculdade de Letras, tendo ensinado centenas de alunos “nos quais deixou marcas, pelas suas qualidades humanas e pedagógicas”.
“Além da relevância do seu percurso científico, muitas vezes perseguido em circunstâncias adversas, o júri sublinhou a grande erudição e acessibilidade da sua obra, e o seu comprometimento com a cultura e a língua, evidenciado no modo como integra na narrativa dos acontecimentos a caracterização detalhada de instituições, informações demográficas, e estruturas económicas, sociais e culturais”, lê-se no mesmo texto.
O júri, que foi ainda constituído por Paulo Macedo, António M. Feijó, Carlos Salema, David Diniz, Eduardo Paz Ferreira, José Pedro Sousa Dias, Leonor Beleza, Maria do Carmo Sousa, Teresa Patrício Gouveia e Vítor Caldeira, destacou a História de Portugal, atualmente com seis volumes, na qual Borges Coelho está a trabalhar.
Para o júri, nesta História de Portugal, António Borges Coelho “cumulativamente delineia uma interpretação global do percurso histórico nacional, das origens à atualidade”.
O Prémio Universidade de Lisboa, com o valor pecuniário de 25.000 euros, será entregue em cerimónia a anunciar pela instituição.
No ano passado, o galardão distinguiu a imunologista Maria de Sousa, uma das primeiras mulheres portuguesas reconhecidas internacionalmente pelas suas descobertas científicas.
O Prémio da Universidade de Lisboa foi instituído em 2006, pelo então reitor José Barata-Moura, tendo sido atribuído pela primeira vez à cientista Odete Ferreira, falecida no passado domingo, aos 93 anos.
António Borges Coelho, natural de Murça, em Trás-os-Montes e Alto Douro, estreou-se editorialmente em 1962, com um livro de poesia, “Roseira Verde”, ao qual se seguiu “Raízes da Expansão Portuguesa” (1964), tendo-se sucedido ensaios historiográficos, obras de poesia, teatro, romance e biografias.
O distinguido matriculou-se em Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, no ano letivo de 1948/49, tendo interrompido o sue percurso académico para se dedicar à oposição ao regime do Estado Novo, o que lhe valeu vários anos preso, obras proibidas e terem-lhe sido retirados direitos de cidadania. Voltou à Faculdade de Letras no ano letivo 1962/63, e concluiu a licenciatura com uma tese sobre o pensamento filosófico de Gottfried Leibniz (1646-1716).
Da lista de distinguidos com o Prémio da Universidade de Lisboa fazem parte, entre outros, o químico Jorge Calado, o investigador Adriano Moreira, e o físico nuclear Filipe Duarte Santos.
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