"Relativamente a um conjunto de comportamentos do executivo nacional, o Presidente da República não pode ser cúmplice. Tem de ser um travão e um corretor", afirmou Miguel Albuquerque, sublinhando que o resultado eleitoral - 60,70% - lhe confere "toda a legitimidade" para o fazer.
O presidente do Governo da Madeira, de coligação PSD/CDS-PP, falava à margem de uma visita à Estação Elevatória dos Socorridos, no Funchal, onde foram realizados trabalhos de requalificação no valor de 780 mil euros, para garantir maior eficácia na distribuição de água potável na zona oeste do concelho e também no município contíguo de Câmara de Lobos.
"Não compete ao Presidente da República intervir no ato de governação, mas, no sistema de governo como o nosso, que é semipresidencial, tem um poder moderador e de influência decisivo", sublinhou Miguel Albuquerque.
E reforçou: "Espero um mandato com maior intervenção e com maior contundência".
O governante insular disse que a reeleição de Marcelo Rebelo de Sousa é "importante para a estabilização do regime" e salientou que existem agora "todas as condições" para o Presidente da República exercer o seu "poder de influência" nas decisões do executivo, liderado pelo socialista António Costa, e atender às necessidades das regiões autónomas, nomeadamente quanto à revisão da Lei das Finanças Regionais.
Miguel Albuquerque referiu, por outro lado, que não vai interferir na eventual substituição do representante da República para a Madeira, cargo atualmente desempenhado por Ireneu Barreto, que é indicado pelo chefe de Estado e cujo mandato é coincidente.
"Quero fazer um elogio ao comportamento exemplar, em termos de relacionamento institucional, que o dr. Ireneu Barreto tem tido para connosco, para com o Governo [Regional] e para com a Região Autónoma da Madeira. Tem sido um comportamento irrepreensível. Agora, a decisão [de continuação no cargo] cabe ao Presidente da República e eu não vou interferir nessa decisão", declarou.
O presidente do Governo da Madeira não quis comentar a votação obtida pelos candidatos de direita na região autónoma, que somada é de 84%, mas sublinhou a "pesadíssima derrota" dos candidatos de esquerda.
"Ana Gomes, cujo objetivo era levar o atual presidente a uma segunda volta, teve um resultado catastrófico. A senhora do Bloco de Esquerda teve uma derrota contundente, além do Partido Comunista, cujo candidato também teve uma grande derrota", disse, reforçando: "Isso é bom para a democracia".
Na Região Autónoma da Madeira, Marcelo Rebelo de Sousa obteve 72,16% dos votos, seguindo-se André Ventura, com 9,85%, Ana Gomes, com 7,88%, Marisa Matias, com 4,26%, Tiago Mayan Gonçalves com 2,30%, Vitorino Silva, com 1,84%, e João Ferreira, com 1,72%.
"As pessoas tiveram capacidade de discernimento e, sobretudo, uma grande vontade de participar, apesar de a abstenção ter subido [57,29% na Madeira], dadas as condições difíceis em que esta eleição se realizou", afirmou Miguel Albuquerque.
Marcelo Rebelo de Sousa foi reeleito Presidente da República nas eleições de domingo com 60,70% dos votos, seguindo-se Ana Gomes com 12,97%, André Ventura com 11,90%, João Ferreira com 4,32%, Marisa Matias com 3,95%, Mayan Gonçalves com 3,22% e Vitorino Silva com 2,94%.
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